sexta-feira, 4 de maio de 2012

Piaget - Análise Crítica


Luma Corrêa Martins Costa  RA: 092139

Piaget, em sua obra, tem como principal objeto de estudo a inteligência humana. Dessa forma, visa estudar e compreender como se dá o conhecimento humano, e como tal conhecimento é importante para a adaptação do ser humano ao ambiente em que vive. Um ponto forte da teoria piagetiana é a classificação do indivíduo como sujeito ativo. Assim, para Piaget, as ações humanas são a base do comportamento humano, e possibilitam a aprendizagem. Com intuito, então, de estudar o desenvolvimento do conhecimento, Piaget estuda o comportamento do ser humano desde a infância, passando pela adolescência e chegando à fase adulta. Dedicou muito de sua pesquisa às crianças, pois é nessa fase que o homem lida com incessantes descobertas, e é obrigado a se adaptar a varias novas situações, possibilitando assim um grande aumento do conhecimento.
Diferentemente de outros pesquisadores, Piaget além de utilizar-se do método clínico (método baseado em uma conversa livre com a criança, com o intuito de diminuir a indução a respostas esperadas, presente no método de questionários fixados), quando se utilizava de testes de inteligência não se interessava nas respostas corretas, mas sim respostas incorretas. Considerava importante entender o modo como a criança havia chegado àquela resposta, ainda que incorreta. É neste ponto que enxergo o conceito de “erro construtivo” tão associado à teoria piagetiana, e concordo com a sua importância, pois acredito que entendendo o raciocínio que levou o indivíduo a cometer determinado erro, a possibilidade de fazê-lo compreender o seu próprio erro é muito maior, já que aquela explicação partirá de algo que fez sentido para ele, e não para a pessoa que está aplicando o teste, ou explicando algum conteúdo, por exemplo. 
Dentro da teoria piagetiana três conceitos são de extrema importância para seu estudo. O conceito de esquemas, de assimilação e de acomodação.  Para Piaget, a mente é um conjunto de esquemas que se aplicam à realidade, ou seja, os esquemas mentais existentes em cada ser humano estão sempre sendo aplicados a algum “problema”, alguma situação pelo qual o indivíduo passa, evidenciando a ideia de sujeito ativo, tão defendida pelo pesquisador. Até mesmo o pensamento é a interiorização da ação. Um esquema então assimilado (já compreendido e utilizado pelo indivíduo em certa situação pela qual passou) deve sofre uma acomodação quando é necessária a adaptação de um esquema adquirido e assimilado anteriormente em uma nova situação, que contenha semelhança com uma situação já vivida. Portanto, para ele, só há aprendizagem quando o esquema de assimilação sofre acomodação.
Organizando o estudo de sua teoria, Piaget dividiu o desenvolvimento do conhecimento em quatro estágios:
Sensório-motor -  0 a 2 anos : Neste estágio o indivíduo possui os esquemas que vêm com o nascimento, os esquemas de reflexo. Com o passar dos meses os esquemas são adaptados por meio de repetições. Uma característica importante dessa fase e amplamente abordada por Piaget é o egocentrismo da criança. Esta característica é evidenciada nas ações que mostram uma confusão da criança entre o que ela é e o que o ambiente é. Para a criança, há uma fusão dela própria com o ambiente em que vive, e o ponto de vista que ela consegue ter é somente o dela. Tal característica é inconsciente, sendo diferente, portanto, do egocentrismo adulto.
Pré-operatório – 2 a 7 anos: nesta fase ainda existe o egocentrismo e a criança não possui a ideia de reversibilidade nem de transitividade.
Operatório – 7 a 12 anos: esta fase é marcada pela aparição da linguagem e pela diminuição do egocentrismo existente nas crianças mais novas. Aqui o pensamento torna-se reversível, mas ainda é limitado ao concreto, ou seja, o indivíduo não opera ainda com hipóteses.
Lógico formal – adolescência e fase adulta: a modificação qualitativa da inteligência se dá aqui pela possibilidade do pensamento com base em raciocínios com hipóteses formais. Passa a haver a dedução e indução lógica. Aparece novamente, no adolescente, o egocentrismo, porém diferente do que ocorre na fase infantil, o egocentrismo é consciente, e se dá pelo fato de que o adolescente dá grande importância aos seus próprios pensamentos. 
É importante ressaltar que o que se deve levar mais em conta é a sucessão dos períodos e não a idade pré-estabelecida a ocorrer. Levando em consideração as condições ambientais e a quantidade de informações que as crianças que vivem no período de hoje têm acesso, acredito que tais fases devem ocorrer de forma mais acelerada do que a estudada pelo pesquisador, o que, em minha opinião, não invalida o estudo, já que na própria obra ele ressalta a importância da sucessão de períodos e não da idade.
Ainda no estudo dos estágios apresentados por Piaget, algo que me chamou a atenção foi o fato de que um indivíduo pode apresentar características e ações de um estágio anterior, quando se depara com situações que ainda não vivenciou. Para a aplicação da teoria piagetiana no ensino, penso que tal observação seja de extrema importância, pois o professor que percebe em que estágio o aluno se encontra, e que consegue perceber que houve a necessidade de “voltar” a algum esquema anterior, isso pode facilitar a compreensão por parte do professor da dificuldade que o aluno está lidando, proporcionando assim, ao educador, a possibilidade de causar um desequilíbrio adequado que fará com que o aluno acomode novamente seus esquemas, e não o desmotive.
Finalizando, muito válidas a se pensar no ensino estão também as questões morais apresentados por Piaget. Estudando os conceitos de coação e cooperação, e consequentemente de respeito unilateral ou mútuo, muito se pode levar às salas de aulas no intuito de melhorar a relação professor-aluno. Um professor que segue a linha da coação, deve esperar que seus alunos recebam as informações e conteúdo de forma passiva, ao passo que seguindo um modelo de cooperação, e respeito mutuo, é dada ao aluno a possibilidade de ser, de fato, um sujeito ativo na sala de aula, quando se leva em consideração o que ele faz, o que ele pensa, e o que faz sentido para aquele indivíduo, proporcionando, assim, um ambiente com maior possibilidade de aprendizagem. 

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