sexta-feira, 4 de maio de 2012

Análise Crítica: Jean Piaget

Análise Crítica: Jean Piaget
Tamires Lemos de Assis
122187 - Letras 011


     O campo de estudo do epstemólogo suíço Jean Piaget, um dos pensadores mais influentes do século XX, refere-se principalmente às fases da evolução da inteligência humana. A formação em psicologia foi o que tornou os estudos de Piaget mais metódicos, fazendo com que consiga um status de ciência que, anteriormente, não era possível. Sua ida para a filosofia é fruto da tentativa de encontrar as respostas que tanto almejava, porém, esta área específica não garante a metodologia/ciência pretendida para os seus estudos acerca da inteligência humana. Uma terceira investida de Jean dá-se nas áreas biológicas: se arrisca na Biologia e encorpora seus estudos com os conhecimentos adquiridos nesta formação.

  Para formular suas teorias, Piaget se serve do construtivismo (interacionismo), da possibilidade de conhecimento que se dá na relação entre o sujeito e o meio, havendo a interação entre ambas as partes, fazendo com que o sujeito seja ativo: experimente, vivencie e compreenda o mundo. Uma vez que não crê que o conhecimento seja inerente ao próprio sujeito, bem como descarta a possibilidade do conhecimento advir em sua soma da observação do meio que o rodeia, a proposta de estudo deste grande pensador é a epstemologia genética, ou seja, “o estudo da passagem dos estados inferiores do conhecimento aos estados mais complexos ou rigosos”.

      Ao desenvolver projetos e pesquisas para analisar o desenvolvimento infantil, Piaget não verificava se as criaças acertavam as respostas de um questionário aplicado, por exemplo, mas atentava-se às justificativas, considerando o erro como construtivo, e para a linha de raciocínio desenvolvida pela criança ao se deparar com determinada questão do questionário. Ele divide esse desenvolvimento em quatro estágios, sendo estes: sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto e operatório formal. 

     O fator principal que caracteriza o primeiro estágio é o egocentrismo, no qual o pensamento da criança é centrado nela mesma, o que alimenta uma confusão entre o “eu” e o “mundo”, como uma simbiose. Ainda neste estágio, que vai aproximadamente do 0 a 2 anos, há a presença do raciocínio transdutivo, que não é indutivo e nem dedutivo, do particular para o particular, da predominância do uso dos reflexos, e da ideia da “inteligência prática”, na qual se conhece o mundo apenas se entrar em contato com ele. No segundo estágio, que vai dos 2 aos 7 anos, há o surgimento da linguagem, o que acaba mudando o pensamento, a inteligência representativa é interiorizada e a criança consegue através da rememoração criar  e nomear coisas, pois toma para si os objetos e fatos do mundo. O animismo, artificialismo e realismo nominal também estão presentes nesta fase, bem como o fato da criança não ter noção de conservação física ou reversibilidade nas operações. O pensamento reversível aparece somente no terceiro estágio, dos 7 aos 11 anos, que é o período no qual há necessidade dp campo perceptível para fazer os agrupamentos lógicos: a criança precisa de elementos palpáveis, como por exemplo o Material Dourado, utilizado nas aulas de matemática e que facilitam a represetação de centenas, dezenas e unidades. Entre os 11 e 15 anos, na transição de criança para adolescente, ocorre o agrupamento de relações: se estabelece relações possíveis, prevê-se situações para provas e hipóteses, e a então reversibilidade está mais completa.

    Neste processo maturacional, “a inteligência é uma grande adaptação”, segundo Piaget. A ideia de aprendizado consiste em “desequilibrar” a criança/adolescente/adulto para que se possa, então, entrar em contato com os esquemas mentais existentes dentro de cada sujeito, estabelecendo-se relações daquilo que temos conhecimento com o mundo, com aquilo que não conhecemos e/ou não dominamos. É desequilibrando, por exemplo, que conseguimos aprender que o ser humano nasce, vive e morre, pois mesmo tendo uma ideia vaga que existe bebê, criança, adolescente, adulto, idoso, nos desequilibramos sempre por desconhecer os demais fatores que circundam a existência ou o propósito da vida, logo, estamos sempre nos questionando sobre as coisas e, consequentemente, sempre aprendendo e atribuindo novos significados, adaptando aquilo que conhecemos ou agregando um novo conhecimento. É como se fossemos um banco de dados: ou acrescenta-se informações ou atualiza-se.

Nenhum comentário:

Postar um comentário