sexta-feira, 4 de maio de 2012

Desenvolvimento e aprendizagem: uma análise crítica de Piaget


Reginaldo Alves do Nascimento
064013 - Letras Noturno

Piaget busca, no desenvolvimento de sua teoria, desvendar uma questão de fundamental importância: como se dá o desenvolvimento da inteligência humana. A partir dessa mola propulsora e tendo como base a biologia, a filosofia e a psicologia, ele apresenta uma complexa teoria do conhecimento e do desenvolvimento (cognitivo) humano.  
Ao observar o comportamento do homem, mais especificamente das crianças, notou que o ser humano, para o alcance de um conhecimento complexo, necessariamente passa por estágios de desenvolvimento, sendo eles período sensório-motor nos primeiros 24 meses, período pré-operatório dos 2 aos 7 anos, período das operações concretas de 7 a 11 anos e o período de operações formais dos 12 anos em diante. Ao observar este comportamento, que permite entender como sujeito delimita e desenvolve o caminho para o convívio em sociedade, Piaget traz uma grande contribuição para o campo da Epistemologia e demais ciências.
Ademais, apesar de não falar diretamente sobre o processo de ensino e aprendizagem, Piaget contribui decisivamente, positiva e negativamente, para o desenvolvimento futuro de noções que serão difundidas e utilizadas nas escolas, em teorias definidas como “construtivistas” ou “interacionistas”.
Dentre alguns de seus conceitos, na relação do sujeito com o meio, pode-se destacar o de “equilibração”. Este conceito delimita algo fundamental naquilo que podemos definir sobre o processo de aprendizagem em Piaget, pois quando em contato com o meio, o sujeito se depara com algo que não faz parte do seu campo de conhecimento ele assimila o mesmo e neste processo de “assimilação” faz com que ele desenvolva um processo de “acomodação”, reordenando seus esquemas (comportamentos) para se adequar a esta nova realidade, ao conseguir isto ele afere um novo patamar de conhecimento.
Assim, ao ativar um processo de assimilação e acomodação, quando bem sucedido, o sujeito realiza um processo de equilibração. Dessa maneira, a aprendizagem está justamente na capacidade de fazer com a criança, em contato com o meio, entre em constante estágio de “desequilíbrio” onde ela seja constantemente desafiada a “assimilar” e “acomodar” em novos paradigmas e conhecimentos, buscando sempre um novo patamar de “equilíbrio”.
Ademais, como já dito, a Epistemologia de Piaget, permite a escola moderna uma série de conceituações e desenvolvimentos teóricos que muito modificaram o pensamento sobre a instituição escolar. A partir da sua visão interacional, foi possível questionar a visão tradicional da escola e o papel da mesma no processo de ensino e aprendizagem. Sem dúvidas, estes questionamentos desencadearam e permitiram grandes avanços e alicerçaram o surgimento de correntes que contribuíram e ainda contribuem para o florescimento de muitas metodologias de aprendizagem.
No entanto, é importante frisar que, não foram sempre que as práticas interacionais obtiveram êxito, sendo que em alguns casos, devido a interpretações equivocadas sobre o que postula Piaget, criaram-se metodologias que subverteram o este pensamento e acabaram, na prática, por contradizê-lo.
Por fim, destaca-se que, apesar de alguns pontos de sua teoria hoje serem olhados por muitos como obsoletos, e muitos realmente possam ser destacados como superados, a obra de Piaget, certamente, é um leitura obrigatória para qualquer pessoa que se proponha a trabalhar na área de educação. Sua contribuição para o desenvolvimento da Psicanálise e do processo de Ensino – Aprendizagem foi e é fundamental. Além do que, importante para entendermos, questionarmos e aprimorarmos os diversos procedimentos que enxergamos hoje na escola.

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