Relatório
Final
Tema:
Ensino e Aprendizagem
Erick da Silva Oliveira RA: 102123
Fabrício Eduardo Pessagno Miranda RA:
104873
Franklin Daniel Braiani RA: 122549
João Paulo Morais De
Campos RA: 119631
José Renato Pereira RA: 121048
Márcia Santana Carvalho RA:
122134
O grupo é formado apenas por alunos
do curso 029 (Licenciatura em Matemática) e o tema escolhido foi Ensino e
Aprendizagem. Resolvemos tratar desse tema justamente para compreender como
esta sendo realizado o ensino de Matemática atualmente, o nível de aprendizado
dos alunos e principalmente porque eles têm tanto receio dessa disciplina.
Nas
discussões de planejamento do grupo quanto ao que seria feito em relação ao
trabalho proposto nesta disciplina, pensamos em algumas possibilidades: primeiro
em visitar dois tipos de escolas e duas séries, as escolas seriam uma estadual
e uma particular ou uma estadual e uma municipal, mas por fim optamos apenas
por visitar uma escola, e uma oitava série, devido ao curto tempo disponível
durante a semana. Nosso principal
objetivo nesse trabalho é tratar da questão do ensino e da aprendizagem
retratado num ambiente escolar do ensino fundamental de uma escola pública
estadual. Para isso definimos algumas visitas na instituição escolhida, que
fica localizada na cidade de Sumaré região metropolitana de Campinas, é uma
escola da periferia da cidade, portanto, problemas sociais, econômicos e
culturais, estão mais latentes, pois refletem a realidade da maior parte da
população.E como dois membros do grupo já lecionam, ficou
decidido, portanto que iríamos visitar a escola e uma das salas de aulas para a
qual o João leciona.
Foram realizadas algumas visitas, na
qual analisamos a sala de aula, o comportamento dos alunos e do professor e o
empenho dos alunos para a resolução de problemas durante a aula. Posteriormente
foi feita a entrega dos questionários aos alunos na sala em que visitamos, sem
a presença do professor, e o questionário para os professores foi entregue nas
escolas em que os dois membros do grupo lecionam, pois foi realizado apenas em
professores que lecionam a disciplina de Matemática.
Cada membro do grupo ficou
responsável por realizar uma tarefa, e tudo foi decidido em conjunto:
·
Erick – Elaborar os questionários que
foram entregues para alunos e professores, analisar cada um e separar para
mostrar ao grupo.
Questionário dos Alunos: Foram usados na elaboração das perguntas
os conceitos de afetividade
e mediação vistos na
Teoria de Vygotsky. Alguns conceitos são de modo a questionar a
relação dos alunos com seus professores, para que eles evidenciassem se essa relação
tem alguma influencia no aprendizado da disciplina, e se eles dão importância ao aprendizado ou não.
Questionário dos Professores: Na elaboração foi
necessária uma visão um pouco diferente, pois deveria constar nas perguntas a importância que eles dão em relação ao aprendizado do aluno
e se eles se comprometem com o aprendizado de
seus alunos. E, além disso, saber qual importância tem aos alunos para o qual eles
já lecionaram.
·
Fabrício – Contextualizar o que Vygotsky prega com relação a Ensino e Aprendizagem.
O
primeiro aspecto de interesse a ser ressaltado sobre as conclusões de Vygotsky
é a de que o meio, a cultura e os aspectos históricos da época são fundamentais
para o processo de desenvolvimento do ser humano. Ou seja, a relação do
indivíduo com tudo que o cerca é essencial para que ocorra este processo. Com
isso em mente, é compreensível a importância dada pelo Vygotsky à linguagem.
Para ele, a linguagem tem um papel essencial no processo de
ensino-aprendizagem, pois a mesma carrega os sentidos dos signos e símbolos
presentes na cultura, caracterizando um sistema simbólico que o individuo
interioriza, permitindo ao indivíduo agregar um valor e um sentido a informação
que está sendo repassada. Porém, só o acúmulo de informação não é sinônimo de aprendizagem. Para
Vygotsky, aprendizagem é um processo interpessoal e ativo, que ocorre antes do
processo de desenvolvimento. De fato, apenas com uma organização dessas
informações pelo processo de aprendizagem, associando ou esquematizando essas
informações, levam o individuo ao desenvolvimento mental, e, assim iniciando o
processo de desenvolvimento.
Desta
forma, ensino e aprendizagem são vistos como processos que não podem ser
desassociados, mas sim dependentes um do outro, em que um processo só é
possível com a intervenção/interação do outro, caracterizando um novo processo,
ao qual conhecemos como ensino-aprendizagem. Segundo Vygotsky, este último
inclui o mediador, o aluno, e a relação estabelecida entre os dois. Ou seja, é
um processo que depende de quem ensina e daquele que busca aprender e da
relação construída sobre essa troca de informações.
E é nesta relação presente no processo de
ensino-aprendizagem que valoriza a importância da linguagem e também da
motivação daquele que busca aprender algo. Os aspectos emocionais não são
desprovidos de importância segundo Vygotsky, que julga a motivação como um
importante elemento neste processo, assim como a capacidade do mediador em
desenvolver este elemento no outro individuo.
·
Franklin – Montar a apresentação de slides,
filmar e modificar os vídeos utilizados na apresentação e apresentar a
introdução.
‘ O tema do nosso trabalho é embasado na teoria de Vygotsky, pois o autor trata das questões
sociais e culturais, como sendo um dos pilares para o desenvolvimento do ensino
e da aprendizagem, além da inclusão social, assim como a importância da
mediação nesse processo, e todo seu viés ideológico e político está latente na
teoria desse autor.
È pertinente, portanto, destacar alguns
aspectos relacionados ao modelo de sociedade em que vivemos, regido pelos
mercados leva a perpetuação do modelo neoliberal, ou seja, de reprodução e
manutenção dos paradigmas de divisão de classes, onde só ocorre o acúmulo e a
concentração de riqueza. A distribuição de renda, sobretudo é muito desigual,
os países ricos são dominadores e impõe o modelo a ser
seguido, influenciam de maneira avassaladora os países pobres, cultural, social e economicamente,
isso tem impacto direto na educação.
·
João – Encontrar a escola, conseguir
liberação para a visita em sala de aula e montar a dinâmica realizada no final
da apresentação, e explicar o vídeo da sala de aula.
Um ponto central da teoria com respeito
ao ensino e a aprendizagem é o conceito de Zona de desenvolvimento proximal
(ZDP), que afirma que a aprendizagem acontece no intervalo entre o conhecimento
real e o conhecimento potencial.
Seria neste campo que a educação atuaria,
estimulando a aquisição do potencial, partindo do conhecimento da ZDP do
aprendiz, no caso em questão, a aluna possui um conhecimento real do sistema de
numeração, identificação dos números e sua classificação, na ZDP, o professor
fará a mediação de que existe uma relação dos números do conteúdo estudado
(Equações do 2º grau) assim a aluna irá adquirir esse conhecimento e ele se
tornará um conhecimento real.
·
José Renato – Pesquisar e montar a
introdução da apresentação e dar apoio aos demais integrantes do grupo.
A educação se coloca de maneira subordinada ao Estado, refém de um
modelo, um padrão de ensino, que é globalizado, que se coloca como o ideal para
toda e qualquer sociedade no sentido de se manter as divisões de classes, de
impedir a ascensão dos menos favorecidos. O direito a escola é tratado pelos
órgãos mundiais, como Organização das Nações Unidas (ONU), como sendo um dever
do Estado para com a sociedade, ou seja, o mais importante é melhorar o Índice
de Desenvolvimento Humano (IDH) a quantidade é mais importante que a qualidade,
o único objetivo é colocar as pessoas nas escolas mesmo que não aprendam nada.
Quanto á
esse cenário de total adversidade o professor se vê como apenas um reprodutor
da ideologia do Estado com suas ações de boa vontade, esperança, sendo
obstruídas de diversas formas, tanto pela sociedade como pelo governo, o seu
papel passa a ser de transmissor de conhecimento, não mais alguém que promove
o conhecimento, a mediação desse processo, seu
dever é fazer os alunos reproduzirem o que ele faz, a tecnicidade é mais
importante em detrimento ao conhecimento novo, a produção e a formação de
opinião, a própria concepção de mundo.
A
minimização do papel do professor é conseqüência da sociedade em que vivemos,
pois ele deve ser competente no sentido de obter resultados quantitativos, deve
alcançar metas como se fosse um operário de uma linha de produção ou
funcionário de uma empresa que visa apenas o lucro para a empresa que trabalha,
e se vê explorado, sem perspectivas de almejar um futuro melhor, no caso do
professor seria o Estado o patrão, que policia e determina a produção e o que o
professor vai produzir, ou seja, a escola se faz um ambiente extremamente
competitivo, desigual, limitador e dominada como se fosse uma empresa.
·
Márcia – Redigir o relatório final,
entregar os questionários para os professores, apresentar o vídeo do Marcelo
Tas e relacionar com Ensino e Aprendizagem.
O conceito de ensino-aprendizagem não se
refere somente à aprendizagem ou ao ensino, é um processo global que envolve
alguém que aprende alguém que ensina, e a relação ensino-aprendizagem. E essa
concepção de ensino-aprendizagem inclui dos aspectos relevantes:
-
A relação de que alguém ensina.
Que
não precisa ser necessariamente uma pessoa, mas também, objetos, eventos e o
meio cultural onde a pessoa vive.
- E quando a aprendizagem é um resultado
desejável e intencional.
Nesse caso a intervenção pedagógica é um
mecanismo privilegiado. E a escola é o lugar onde o processo intencional de
ensino-aprendizagem ocorre.
Embora Vygotsky enfatize o Papel da
intervenção no desenvolvimento, seu objetivo é trabalhar com a importância do
meio cultural e das relações entre indivíduos, na definição de um percurso do
desenvolvimento da pessoa humana, e não propor uma pedagogia diretiva,
autoritária.
Alguns
depoimentos dos membros do grupo:
Erick:
Foi uma experiência interessante visitar e observar uma sala de
aula
fazia muito tempo que não entrava numa escola de
ensino fundamental, pois faz um bom tempo que terminei o Ensino Médio.
Vi que muita coisa mudou em relação aos
estudantes, mas precisa mudar mais ainda também em relação atitude de professores.
As
poucas conversas com os professores durante a visita mostraram que muita coisa
precisa ser mudada na forma que alguns professores têm visão sobre Educação nos tempos atuais. Sobre as informações coletadas em todo o período da disciplina acho que foi de grande ajuda.
Principalmente em relação a opinião de alunos
sobre atitudes de um professor durante a aula. Pelo que vejo não é nada fácil lecionar nos dias atuais.
Fabrício:
A experiência não foi menos que
surpreendente. As minhas recordações de uma sala de aula no ensino fundamental
eram bem diferentes do que vimos durante a visita. Muito provavelmente por ter
passado apenas os dois primeiros anos do ensino fundamental em uma escola
pública, o que eu tinha em mente era um ambiente mais organizado, não
exatamente de controle rígido, mas menos caótico. Recordo-me que nos meus
tempos de escola, havia sim conversas entre alunos, momentos em que passávamos
dos limites, mas os professores rapidamente conseguiam recompor o ambiente, sem
necessariamente precisar usar de uma figura de autoridade absoluta com gritos e
ameaças (em relação a notas).
Já na sala em que visitamos o
ambiente não poderia ser mais diferente. Os alunos mostravam pouco interesse
quanto ao o que o professor tentava lecionar, é claro, havia algumas exceções,
mas o espírito geral da turma era a de ignorar a aula. Por exemplo, o caminho
entre as carteiras formavam um mini-labirinto já que cada um deixava a mesa na
posição que facilitasse poderem se comunicar com os seus amigos, o que não
seria nada demais se não fosse tão exagerado. Algumas garotas deixavam câmeras
fotográficas e celulares sobre a mesa, não apenas com o intuito de guardarem os
objetos, mas sim para ficar mostrando fotos umas para as outras, no entanto
devo confessar que não vi nenhuma delas tirando fotos no momento. Além é claro
do falatório incessante, em alguns momentos um aluno gritava para que o outro
pudesse ouvir no lado oposto da sala. O principal detalhe é o fato de que tudo
isso acontecia enquanto estávamos em sala, o que sugere que esses alunos
realmente não se importavam com o que acontecia na sala, a não ser que isso
atrapalhasse seja lá o que for que estiverem fazendo.
Quanto ao professor, era visível o
esforço para tentar ganhar um pouco da atenção da sala, sendo que em alguns
momentos ele conseguia fazer com que a turma prestasse a atenção por alguns
minutos, em especial quando pedia para que dissessem o resultado para uma
questão que acabara de escrever na lousa. Mas a atenção vinha mesmo dos alunos
que sentavam nas primeiras fileiras, talvez seja até por isso que estes se
sentam nestes lugares, já que os colegas não respeitam a vontade destes em
ouvir o professor.
De qualquer forma, foi interessante
notar como muitas vezes é a pessoa que senta ao seu lado que pode prejudicá-lo.
Uma das alunas que sentava na última fileira se mostrara bastante interessada
em entender o que o João estava passando, e com dificuldades em resolver os
exercícios, se cobrava em voz alta mesmo, dando a impressão que em alguns
momentos iria chorar por se sentir burra em não conseguir resolvê-los. Enquanto
isso, duas alunas que se sentavam a frente dela não paravam de conversar e
gritar, até mesmo com o professor, causando uma visível irritação na aluna.
Porém, essa situação não a impediu de ir atrás do professor algumas vezes,
procurando ajuda, chamando a nossa atenção, tanto que a filmamos enquanto o
João a ajudava a entender a matéria, resultando no vídeo que passamos na
apresentação.
Por fim, os outros professores com
quem conversamos na escola se mostravam desmotivados e cansados, como se cada
aula fosse uma batalha contra os alunos. Um dos professores nos disse o quanto
é difícil conseguir passar qualquer coisa para aqueles jovens, como eles
ignoravam o professor ou desafiavam o professor, atitudes rebeldes comuns a
essa faixa etária, porém pareciam um pouco mais exageradas neste caso.
E assim concluímos a visita. Saí
bastante decepcionado com a situação em sala, a falta de comunicação entre
alunos e professores, até porque é possível que a postura dos alunos seja
reflexo de problemas externos a escola, e a desmotivação dos professores dificultam
a aproximação com os jovens. No entanto, ver a postura de alguns alunos que
realmente se preocupavam com o que o professor tinha a dizer foi um alívio, nos
mostrando que apesar do ambiente influenciar no indivíduo, alguns destes ainda
buscam seguir um caminho diferente, ignorando as influencias negativas do
ambiente e se apoiando em princípios próprios, ou até mesmo de outros
ambientes, como o familiar ou o que consideram ideais. E o motivo disso ser um
alívio é que essa é uma idéia que pode ser aplicado para qualquer outra
situação, inclusive para a escola como um todo.
O que isto quer dizer é que a situação
na escola pública não é fácil de ser resolvida, mas nada impede que aos poucos,
com alguns dos seus membros seguindo caminhos diferentes dos que são apontados
sob influência do ambiente caótico no qual se encontram algumas escolas, outras
pessoas se sintam motivadas a fazerem o mesmo. Da mesma forma com que Vigotsky
diz que ensino-aprendizagem é um processo, uma possível solução para melhorarmos
o ensino também é um processo, muito similar inclusive, em que depende da
relação entre todos os elementos deste ambiente escolar.
Finalmente, a experiência que tive com
esta atividade foi enriquecedora, ainda que decepcionante em alguns pontos. Foi
possível notar o abismo que há entre o que é visto em teoria e o que é
vivenciado em sala de aula devido à dificuldade do professor em conseguir por
em prática qualquer conceito teórico. As respostas que obtivemos dos
questionários foram igualmente interessantes e ajudam a visualizarmos este
abismo, mas isto é abordado com mais tranqüilidade ao longo do nosso trabalho.
De qualquer forma, vivenciar situações como estas é o que valorizam a nossa
formação na licenciatura, e nos deixam um pouco mais preparados para o que
encontraremos no futuro.
João:
Como um dos professores no grupo,
ofereci a escola que leciono. O período das visitas foi vespertino. A série/ano
escolhida pelo grupo foi o 9o ano do ensino fundamental, pois é uma
idade de transição do ensino fundamental para o ensino médio e fazendo uma
ligação com as teorias (Piaget, Vygotsky e Wallon), percebo que algumas
atitudes dos adolescentes são parecidas com as de crianças, no ponto do
egocentrismo. Foi muito gratificante, da parte dos alunos, em serem perguntados
e expor suas opiniões isso faz com que eles sintam valorizados.
Referências
Bibliográficas:
Implicações Pedagógicas do modelo
Histórico-Cultural – Martha Kohl de Oliveira
Piaget – Vygotsky : Novas Contribuições
para o debate – Martha Kohl de Oliveira
Lev Semionovich Vygotsky – Ivan Ivic
Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora
Massangana 2010 – Coleção Educadores
Henri Wallon – Hélène Gratiot-Alfandéry
Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora
Massangana 2010 – Coleção Educadores
Jean Piaget – Alberto Munari
Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora
Massangana 2010 – Coleção Educadores