sexta-feira, 4 de maio de 2012

Análise crítica da teoria piagetiana e sua atualidade


Análise crítica da teoria piagetiana e sua atualidade

Lucas da Silva Lopes
RA 117710 – Letras Noturno 011

A teoria de Piaget torna-se interessante e profícua pelo seu viés multidisciplinar. Essa multidisciplinaridade certamente está na base da repercussão e destaque alcançado pela obra do psicólogo suíço. Como fruto da pesquisa de um dos principais pensadores do século XX a teoria piagetiana tornou-se um divisor de águas não apenas no interior das teorias da Psicologia, mas, um referencial para quaisquer teorias que lidem com o desenvolvimento e aprendizagem.
Pensador oriundo da biologia, com intenso tráfego pela filosofia, Piaget soube vincular o pensamento dito exato das ciências da natureza com o pensamento dito especulativo da Filosofia. Inquieto, não se contentou com a falta de aplicabilidade que enxergou no pensamento filosófico, no entanto, em lugar de resignar-se, buscou caminhos teóricos que lhe permitissem trabalhar a cognição de modo empírico sem deixar de lado uma base teórica consistente.
Se hoje é possível pensar o construtivismo piagetiano aplicado em diferentes áreas do conhecimento, desde a psicologia, a educação, a aquisição da linguagem, o desenvolvimento do pensamento, a neurociência, a filosofia e até mesmo pensar em uma antropologia que nasce da teoria piagetiana ou mesmo uma possível arqueologia do desenvolvimento da cognição, é porque sua teoria não é fechada, ou seja, não é dogmática. Ao contrário, todo o trabalho de Piaget foi focado em erigir uma epistemologia própria. Se seu pensamento apresenta arestas é porque seu foco não era lapidar conceitos, mas fundar uma epistemologia à partir da qual novas formas de ciência poderiam surgir.
Decerto a postura a adotar diante da teoria de Piaget não é a de um decodificador passivo. Sem deixar de lado a necessidade de aprender os conceitos fundamentais que norteiam seu pensamento, de ter ciência das tradições de pensamento que ecoam na obra piagetiana (quais as teorias propulsoras de seu pensamento, quais as teorias combatidas por ele, quais as teorias que sofreram sua influência, quais as que buscaram minar suas conceitualizações e fundamentos), enfim, sem perder de vista a base essencial de sua teoria, faz-se necessário não deixar de cultivar uma atitude próxima a de Piaget, ou seja, lançar mão dos caminhos teóricos (teoria entendida como práxis, não apenas abstração) no intuito de problematizar o mundo ao redor.
Assim a teoria piagetiana é um arcabouço teórico valioso para, a partir das reflexões e ferramentas ali encontradas, atuar sobre o mundo concreto. Como epistemologia, ela permite múltiplos desdobramentos. O que fazer após tomar contato com a teoria de Piaget? Colocá-la na gaveta ou decorá-la para impressionar em debates? Nem um nem outro. Deve-se usá-la como referencial para pensar a educação, por exemplo. E não apenas a educação em sentido geral, mas a educação do aqui e agora. Quais as possibilidades de utilização da teoria piagetiana na educação brasileira? Quais as contribuições possíveis da teoria piagetiana para a educação paulista? Para a educação campineira?
Qualquer teoria que não seja passível de problematizar diferentes contextos, de adaptar-se ao momento histórico presente, não é merecedora de subsistir ao longo do tempo. A teoria piagetiana é seguramente uma das teorias que podem ser incluídas no rol das que atravessam o tempo e jamais deixam de ser profícuas, de serem caminhos teóricos propulsores de novos caminhos.


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