sexta-feira, 4 de maio de 2012

Análise Crítica - Módulo Piaget


Análise Crítica - Módulo Piaget 
Fabricio E. P. Miranda
RA 104873

Comecemos esta análise explicitando que o meu conhecimento sobre Piaget antes do início deste curso se limitava a menções feitas por outros professores, na realidade, críticas ao chamado ‘método piagetiano’. Portanto, reconheço o preconceito que carregava em relação a este personagem e as suas idéias. Porém, ao longo do curso, percebi o quão injustas são aquelas críticas, e ao mesmo tempo, pude perceber algumas das características desta linha de pensamento que são discutíveis de certa forma.
Primeiramente, Piaget buscava respostas para questões de caráter cientifico, basicamente biológico.  A sua curiosidade em entender a formação da inteligência não surgiu por observar como os jovens aprendiam nas escolas, mas sim devido a questões que forma surgindo durante os seus estudos. Considerando o fato de que Piaget influenciou todo o campo da psicologia, pensar que as suas pesquisas surgiram após estudar moluscos em um museu de história natural é no mínimo curioso.  Além disso, toda esta visão cientifica é perceptível em sua obra. Não apenas organizando todas as suas conclusões em etapas, mas recorrendo de termos que seguem da Biologia.
Por exemplo, no processo de aprendizagem, Piaget dizia que ocorria a hereditariedade de estruturas biológicas, apesar de não existir a hereditariedade de inteligência. Ou então quando Piaget diz que a adaptação é fundamental para este processo, através da assimilação e da acomodação de esquemas previamente conhecidos pelo ser. Assim como o conceito de que precisamos ter um desequilíbrio, para que busquemos desenvolver alguma característica que nos coloque em equilíbrio novamente. Podemos citar como outro exemplo do caráter cientifico empregado em suas pesquisas as próprias divisões de fases de aprendizado (período sensório-motor nos primeiros 24 meses, período pré-operatório dos 2 aos 7 anos, período das operações concretas de 7 a 11 anos e o período de operações formais dos 12 anos em diante) uma característica bastante presente em qualquer pesquisador cientifico.
E é neste ponto, nesta divisão de fases, que vemos alguns dos motivos pelos quais este pensamento é tão criticado, ainda que injustamente. Primeiro, tentar separar os diferentes ‘níveis’ de aprendizado é complicado e controverso, visto que é consenso que alunos aprendem de formas diferentes, em velocidades diferentes. Principalmente em tempos atuais, em que facilmente vemos exemplos de crianças que extrapolam estes níveis. Claro, devemos considerar o início do século XX, época em que fora realizado o estudo de Piaget, mas mesmo nestas condições, é impossível que todas as crianças se encaixassem em suas respectivas fases.
Portanto, utilizar esta pesquisa como uma teoria de ensino permite que casos especiais sejam deixados de lado, e ainda existe o problema dela não ser atual, devido ao fluxo exorbitante de informação em que vivemos atualmente favorecem o surgimento dos exemplos de crianças que não se encaixem nestes níveis, como citado anteriormente. Apesar de esta ser uma crítica que acredito ser justa, não foi Piaget quem sugeriu tornar este pensamento em um modelo de aprendizagem, dessa forma as críticas, por mais que sejam válidas, deveriam ser sobre os leitores da obra piagetiana que buscaram utilizar uma pesquisa inacabada como uma fonte, como o próprio Piaget assumira.
Desta forma, vejo Piaget como um grande pesquisador e que por influencia do seu trabalho fora levado a ser um grande nome da psicologia. Apesar de compreensível e até concordar com alguns pontos da sua teoria, a simples idéia de tentar acomodar todas as crianças e jovens em níveis torna a prática de uma possível metodologia piagetiana em sala de aula uma tarefa injusta para com os próprios alunos. Mas acredito que possamos utilizar algumas de suas idéias em sala, como o conceito de equilíbrio ou até mesmo a idéia de atualizar os esquemas que os alunos utilizem para aprender determinado assunto. Em resumo, a obra de Piaget não pode ser ignorada, sendo uma leitura mais do que recomendada a qualquer professor, ou futuro professor.

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