sexta-feira, 4 de maio de 2012

Análise Crítica da Teoria de 

PIAGET


Estava pensando sobre o que dizer da obra de Piaget sobre a cognição, mas o que me veio à mente - em primeiro lugar - foi quem eu sou diante de Piaget. Estudei muito pouco em minha vida para refutar suas teorias, talvez nem tenha tido uma compreensão real delas. De qualquer modo, posso passar aqui somente as minhas impressões, as impressões de alguém que não possui muito conhecimento de mundo e, muito menos uma boa base sobre o assunto do qual devo criticar.

Bem, para mim as teorias de Piaget parecem bem fundadas. Ele, segundo sua biografia, foi bastante dedicado a sua pesquisa, utilizando até seus filhos como objetos de estudo. Não posso dizer que sou contra, ou a favor - não tenho filhos -, mas sei que dão trabalho, então que mal há em lucrar com isso – tudo bem não devia existir o concelho de ética naquela época. Além disso, os filhos eram dele, e, as crianças, não podem reclamar de um pai ausente.

O que mais me frustrou na teoria de Piaget foi esse grande peso do sujeito ativo para o desenvolvimento da inteligência. Creio que, mesmo que o indivíduo não queira, a sociedade influi sobre ele, de tal forma, que mesmo passivamente, absorve algum tipo de conhecimento. Talvez, o seu desenvolvimento não se dê da mesma forma, mas a vida acaba por conduzir o sujeito. Digo a vida, no sentido, de suas necessidades, desejos, sonhos, sofrimentos, relacionamentos e até mesmo a abundância e a falta. Todos esses fatores possuem peso sobre a construção do sujeito e seu desenvolvimento intelectual e social.

Segundo Piaget, a construção do conhecimento ocorre quando acontecem ações físicas ou mentais sobre objetos que, provocando o desequilíbrio, resultam em assimilação ou, acomodação e assimilação dessas ações e, assim, em construção de esquemas ou conhecimento. Mas, quando temos tempo para parar e acomodar algo, principalmente nos dias de hoje, quando crianças de 3 anos já são submetidas a aulas de inglês, música, escola, tecnologias, etc.? Quando dormimos? Mas como podemos acomodar, ou assimilar, algo que não compreendemos?  Mesmo que o novo seja assimilado e acomodado a um sistema já existente o desequilíbrio é constante para uma criança, que torna quase que impraticável esse período de acomodação. De certa forma, assimilamos o que podemos da forma como podemos, e nem sempre o que queremos, pois o ambiente influência muito sobre essa assimilação. Digo como ambiente, não somente a escola e a casa, mas a saúde da criança, sua nutrição, seu estado emocional, suas relações sociais nesses meios, de certo modo até o cheiro e as cores influenciam sobre essa assimilação e acomodação.

A mais forte prova, de que a aprendizagem nem sempre segue essa diretriz, é o trauma. Uma situação pode forçar a barra, e fazer descer pela goela da criança, rasgando, sem dó nem piedade, incutindo nela conceitos, regras, instantaneamente e que, na maioria das vezes, não se consegue mais tirar ou alterar essa “construção”, esse “esquema”, durante toda sua vida. Claro, isso seria uma exceção e Piaget queria descobrir sobre a inteligência o que é endógeno, igual, ou padrão, em todos os indivíduos, ou pelo menos na maioria deles.

A meu ver, a inteligência é maleável, inconstante e um desafio, pois não conseguimos regular nossa própria inteligência: temos dificuldades e facilidades que não estão sob o nosso controle. Concordo, não sei se totalmente, com o autor de que a inteligência é adaptação. Mas seu desenvolvimento não envolve apenas o sujeito, porém também o que o mundo impõe sobre o sujeito: suas oportunidades, escolhas, regras, limitações, etc. Por mais que um sujeito se esforce, muitas vezes ele não consegue se desenvolver; o que, com pouco esforço, outros conseguem adquirir. Ou seja, parece-me que existem pessoas com certas facilidades, habilidades ou potencial, para certos tipos de conhecimentos. Seria um desperdício para a sociedade colocar numa mesma fôrma todos os indivíduos.

Piaget, fala neste aspecto sobre a genética, onde adquirimos de nossos ascendentes algumas familiaridades, ou facilidades, de absorção sobre certos conhecimentos, mas acredito que ele não disse que era uma regra geral, porque sempre há exceções. Um dos filhos de Einstein se tornou físico, mas não alcançou, nem de perto a glória do pai (apesar de ter sido muito produtivo, ou ter vivido sempre naquele meio). De certo modo, acredito que o ambiente propicie para a criança o desenvolvimento de certas habilidades, mais que as outras, pois estas se ajustam a certa facilidade - não sei se adquirida ou – de algum modo, devaneando, pois não faço ideia se isso é possível ou não – de nascença, da índole da criança.

Acredito que ele, Piaget, tenha tido mais criticas a respeito da sua obra do que eu poderia sequer sonhar. Seu interesse foi muito além do meu sobre o assunto. Mesmo que muitos não concordem com o que ele teorizou, seus estudos tornaram-se base para melhorias nos campos da educação e da psicologia, disso não tenho dúvida.

Somos todos capazes de algo, os com sorte descobrem do que são capazes cedo, talvez os mais azarados sejam os que nunca descobrirão, e os normais apanham experimentando isso, ou aquilo, a mercê da vida para descobrir que conhecimento é base de seu propósito – se houver algum propósito – ou simplesmente, pode ser a melhor forma para se viver bem e feliz.

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