terça-feira, 1 de maio de 2012

Análise crítica sobre a teoria de Piaget e implicações na Educação

Flaviane Alves dos Santos- RA 060894
EL 511- turma F


Um dos principais pontos da teoria de Jean Piaget está relacionado ao processo o qual o indivíduo usa para conhecimento da realidade[1], enfatizando as construções realizadas com seu meio, porém acredito que suas deficiências relacionam-se ao fato de se dar pouca relevância ao aspecto cultural do indivíduo. Vigotski, por exemplo, enfatiza processos de troca entre o indivíduo e seu meio cultural e social. Piaget, em relação à Vygotski, fundamentou sua teoria em pesquisas realizadas por vários anos, porém, na prática, a maioria das crianças que era alvo de seus estudos fazia parte de um mesmo padrão social/econômico, não partindo, por exemplo, para casos em que a criança cresce em ambientes os quais apresentam maiores limitações para seu desenvolvimento, mas não se pode deixar de considerar que em sua teoria, Piaget cita em alguns momentos que se é necessário o social para se ter condições de construir.
Considero muito interessante os períodos de desenvolvimento cognitivos criados por Piaget; no texto de Rappaport[1], há o conceito de desenvolvimento na interpretação de Piaget, como um processo de equilibração progressiva rumo a uma forma final, passando por estágios que são divididos em sensório-motor, pré-operacional, operações concretas e operações formais[1].
Uma característica muito positiva desse aspecto, na teoria, é que o estudo dessas fases do desenvolvimento permite aos professores e pais entenderem e saberem como lidar com as crianças em cada um desses estágios, oferecendo ferramentas e outros estímulos para seu desenvolvimento. Porém, não seria interessante, nos dias atuais, tomar esse ponto da teoria piagetina como regra para se lidar com nossas crianças e adolescentes, uma vez que Piaget é muito preciso quanto a idade em que esses estágios acontecem e não necessariamente, uma criança, em certa idade, deva apresentar as característica do respectivo estágio, já que deve-se levar em consideração aspectos que podem afetar diretamente a vida da crinaça: aspecto social em que ela está inserida o que inclui, por exemplo, nível de escolaridade e literacia. Assim como podemos encontrar crianças que apresentam um desenvolvimento precoce, mostrando característica de estágios mais avançados, também podemos encontrar crianças que possuem certa idade e apresentam características de algum estágio anterior.
Essa divisão tão precisa, dividida em idades, também foi adotada por Freud em sua teoria de desenvolvimento as quais são separadas em fase oral, anal, fálica, latência e genital.
Acredito que a formação biológica de Piaget influenciou, fortemente, o embasamento de sua teoria. Como biólogo, ele tinha interesse na maneira a qual um organismo se adapta em seu ambiente, ou seja, como ele se equilíbra. Ainda no texto de Rappaport[1], tive uma clara explicação do conceito de equilíbrio, defendido por Piaget em seus estudos como uma necessidade do indivíduo sobreviver em um ambiente por meio da manutenção de um estado de equilíbrio interno. Mas esse equilíbrio interno é abalado pelo meio e por outros indivíduos, gerando assim, um desequilíbrio que funciona, ao meu ponto de vista, como uma motivação para que ele mude suas formas antigas de raciocinar para novos modos de compreensão da realidade. Temos aí uma forte influencia biológica na qual, sugere-se que há a desequilibração e posterior equilibração que são causadas pela cooperação entre os indivíduos (termo que Piaget extraiu de conceitos biológicos). Percebe-se aí que Piaget não sugere a hipótese de que esse desequilíbrio possa surgir naturalmente, sem a necessidade de que outra pessoa desequilibre um indivíduo para que o mesmo possa criar um novo método para agir perante uma situação desconfortável.
Pode-se dizer que esse aspecto da teoria seja de grande valia e importância para os professores/ educadores no sentido de causar um desequilíbrio/motivação no aluno para que ele perceba diferentes formas de pensar, de resolver problemas e se reequilibrar novamente, mudando seus “esquemas” e despertando-se para o conhecimento e aprenda a solucionar questões cada vez mais complexas.
Dentre alguns aspectos negativos da Teoria de Piaget, considero de maior evidência, o fato dele subestimar o impacto cultural já que escolaridade e aptidão para leitura influenciam nos níveis de desenvolvimento, mas receio que para uma afirmação desse nível seria preciso uma leitura mais aprofundada da teoria.
Por outro lado, sua teria impacta na educação no sentido de acreditar que a criança aprende através do contato com ambiente, pode tornar a sala de aula um espaço de exploração e descoberta e, também capta as grandes tendências do pensamento da maioria das crianças.
Por isso, antes de se adotar a teoria como base para educar, deve-se estudá-la por completo. Uma má iterpretação ou a análise parcial da mesma pode gerar uma má execussão em um ambiente escolar, mesmo porque, Piaget não fez um estudo voltado necessariamente para pedagogia, ele dedica sua teoria ao entendimento e compreensão da inteligência humana, e esse é um tema que se reencontra em qualquer abordagem psicológica[2]. Yves De La Taille cita em um de seus vídeos que por ser sua teoria bastante consistente, ela consequentemente acaba sendo usada não apenas na perspectiva da inteligência, mas também em temas como afetividade, moral e evidentemente, educação[2]. Dessa forma, compreendemos a razão pela qual o nome de Piaget é tão forte e muitas vezes referência, em estudos relacionados à pedagogia e educação.

[1] RAPPAPORT, Clara Regina; I'IORI, Wagner da Rocha; DAVIZ, Cláudia; Pisicologia do Desenvolvimento- Teorias do desenvovimento Conceitos fundamentais- Volume I- São Paulo, EPU, 1981.
[2] Vídeo de Yves de La Taille

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