terça-feira, 1 de maio de 2012

Módulo “Teoria Psicogenética Piagetiana”

A Teoria Piagetiana e as contribuições para a educação: análise crítica
Ana Paula Oliveira
RA n.º 116093

Piaget pode até ser visto como um vilão para muitos professores formados em psicologia, mas, para mim, ele não é, pois acredito que Piaget contribuiu muito para com a educação, mesmo que este não tenha sido o seu foco ao estudar a inteligência. Piaget, com este fim, se concentrou no estudo do desenvolvimento desta, buscando na criança a resposta à questão que envolveu todo o seu trabalho de investigação: “quando surge a inteligência no homem?”. Com isso, ele proporcionou um legado material que nos pôde fazer compreender um pouco mais a respeito da mente humana, já que é na infância que o ser humano começa a potencializar a sua inteligência, passando por quatro estágios de desenvolvimento: o sensório-motor, o pré-operatório, o operatório concreto e o operatório formal.
Para Piaget, a inteligência é anterior à fala, e dou crédito a esta concepção pois acredito que uma certa bagagem genética nos acompanhe, mas, para adquirir a inteligência prática, as crianças devem experimentar o mundo e, só se conhece o mundo, quando se tem contato com ele. Entretanto, no momento em que aparece a linguagem, o pensamento é modificado, assim tem início o processo de interiorização do mundo.
No meio pedagógico, o conhecimento de como a mente da criança trabalha, pelo menos no geral, pode ser de muita valia, já que a aplicação de uma determinada forma de ensino por parte de um professor pode vir a ser moldada de acordo com a singularidade que cada aprendiz tem. Identificar que a inteligência muda de qualidade em cada estágio, garante que uma didática mais efetiva seja escolhida. Por existir a possibilidade de potencialização do pensamento, não há como dizer que uma pessoa é burra, nem mesmo quando ela erra.
Na visão piagetiana, o erro é visto como um desequilíbrio momentâneo, uma condição para o aprendizado. E levando este conceito ao campo educacional, percebo uma contribuição muito grande para a didática do professor. A este cabe identificar não só o erro em si, mas a razão deste ter sido cometido. Através desse entendimento, acredito que o professor se torna capacitado a guiar o aluno, apresentando o que seria correto segundo a sociedade que ele está inserido (pois, por exemplo, o que pode vir a ser um erro na Língua Inglesa britânica, pode não ser, na estadunidense), além de exprimir a possibilidade de que o “erro” do aluno pode não ser um erro de verdade, mas uma possibilidade, já que não existe uma verdade única.
Uma das maiores contribuições de Piaget, do meu ponto de vista, é o conceito do “erro construtivo”. Embora haja muita confusão em torno deste conceito, o que Piaget realmente disse é que há um motivo por trás de todo erro, há uma lógica em tudo. Muitos fazem uma leitura errônea, a meu ver, do que seria este erro construtivo, já que quando a criança erra e pergunta o porquê, estes logo dizem: “tudo a seu tempo”, “mais para frente vamos estudar este assunto”, pressupondo que a criança não entenderia nada se uma explicação lhe fosse dada antes que adquirisse um pacote maior de esquemas e passasse para um estágio de desenvolvimento superior. Isso frustra a criança ou a convence de que ela não está preparada para uma certa informação – esta é uma de minhas experiências escolares, pois me senti tolhida no ato de questionar. Contudo, o próprio Piaget disse que há exceções, visto que há crianças que se desenvolvem mais rápido que outras e há aquelas que demoram mais para se desenvolver. Portanto, respostas evasivas como as mencionadas acima não seriam uma desculpa aceitável, na minha opinião, porque sou muito mais a favor de devolver dúvidas ou erros aos alunos, se não com uma resposta sucinta, com perguntas que venham a suscitar o interesse deles, aguçando o seu lado investigativo.
Além de tudo o que já fora apresentado, mais um benefício que Piaget pôde nos legar foi a sua pesquisa a respeito da afetividade bem como da responsabilidade do sujeito. Na lógica piagetiana, o sujeito tem que estar envolvido com o assunto para aprendê-lo, tem que ter interesse. O rendimento escolar é superior quando os conhecimentos propostos correspondem as suas necessidades, por isso é tão importante a noção do equilíbrio e desequilíbrio: só quando o sujeito se adapta, ele realmente aprende. Eu, assim como Piaget, acredito muito na força que o sujeito tem, pois não basta só o professor querer ensinar, o aluno também deve querer aprender – é uma via de mão dupla, mas a responsabilidade maior recai sobre o aluno. Não que eu não ache que o professor não tenha uma boa parcela de responsabilidade, pois este tem que olhar para o aprendiz como sujeito em construção, buscar conhecer os seus esquemas, conforme diz o próprio Piaget, na p. 300, do texto “Juízo moral na criança”, o adulto deve ser um colaborador. Nesse texto, Piaget trata das relações de coação e cooperação, embora ambas façam parte da formação de um sujeito, acredito que a cooperação deve ter primazia na idade escolar, já que ela é quem faz nascer a consciência de novos ideais no indivíduo. Assim, o trabalho em grupo é visto como algo muito positivo, algo que também me agrada.

Bibliografia:
  • MOREIRA, M.A. A teoria do desenvolvimento cognitivo de Piaget. In: Ensino e aprendizagem: enfoques teóricos. SP: Editora Moraes, 1995. (p. 95-106).
  • PIAGET, J.; INHELDER, B. A psicologia da criança. 5ª. Ed. RJ: Difel, 2011. (p. 103-116)
  • PIAGET, J. O juízo moral na criança. SP: Summus, 1994. (p. 294-302).
  • PIAGET, J. Seis estudos de Psicologia. 25ª. Ed.RJ: Forense Universitária, 2011. (p. 30-37; 49-63)

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