quinta-feira, 3 de maio de 2012

Jean Piaget: Análise Crítica

Débora Figueiredo Silva - RA: 116596 
EL- 511

Durante algumas semanas, foram estudados enfoques teóricos, construídos por Jean Piaget, como estágios do desenvolvimento mental, questões sobre pensamento e linguagem, juízo moral e interações sociais e afetivas. Estes tópicos me chamaram particular atenção, portanto serão comentados ligeiramente nesta análise.

Seu conhecimento em biologia, o levou a enxergar o desenvolvimento cognitivo de uma criança como sendo uma evolução gradativa e, segundo Piaget, só há aprendizagem quando há acomodação, ou seja, uma reestruturação da estrutura cognitiva do indivíduo, que resulta em novos esquemas e assimilações. Com isso, ele dividiu este desenvolvimento em quatro estágios:

1º. Sensório-motor (0-2 anos): o indivíduo encontra-se em uma confusão eu/mundo, com conceito egocêntrico, predominância de reflexos e “inteligência prática”, que se inicia antes da linguagem, fazendo referência ao contato físico.
2º. Pré-operacional (2-7 anos): não perdendo totalmente o egocentrismo, há o surgimento da linguagem, e a inteligência é representativa e mentalmente interiorizada. Aspectos perspectivos e subjetivos predominam em relação à concepção de mundo, de conceitos físicos e de espaços temporais. Não há noção de conservação física, nem de reversibilidade nas operações.
3º. Operacional- concreto (7-11/12 anos): neste estágio há uma descentralização da perspectiva egocêntrica. O pensamento é reversível, mas há necessidade de um campo perceptível para fazer argumentos lógicos.
4º Operacional-concreto (11/12 anos em diante): surge, então, a inteligência reflexiva, na qual a percepção de reversibilidade é mais completa, com relação à agrupamentos matemáticos e de transferência lógica.

Para mim, é interessante pensarmos na principal preocupação de Piaget com os mecanismos processuais do pensamento do homem e como isso é importante na pedagogia propriamente dita. Cabe ao professor saber reconhecer a etapa que cada aluno se encontra, desequilibra-lo e ajuda-lo a passar por uma determinada etapa ainda não concretizada, por exemplo.

O enfoque de Jean Piaget foi o “sujeito epstêmico”, isto é, portanto, o estudo dos processos de pensamento, presentes desde a infância inicial até a fase adulta. Para ele, a adaptação à realidade externa depende basicamente do conhecimento, tanto é que, em “A epstomologia genética”, preocupou-se em estudar cientificamente quais os processos que o indivíduo usa para reconhecer a realidade. Percebemos, com isso, o grande interesse de Piaget em relação à formação da inteligência, o qual não há desenvolvimento sem o envolvimento social da criança com o mundo ao seu redor.

Para finalizar esta parte, trascreverá-se aqui uma passagem de “A psicologia da Criança- Jean Piaget” (p. 84), trecho que foi discutido em aula e que nos
mostra claramente a opinião deste psicólogo em relação ao pensamento, linguagem e inteligência, ideia a qual concordo plenamente: “Nem a imitação, nem o jogo, nem o desenho, nem a imagem, nem a linguagem, nem mesmo a memória (à qual se teria podido atribuir uma capacidade de registro espontâneo comparável ao da percepção) se desenvolvem ou organizam sem o socorro constante da estruturação própria da inteligência”.

A moral, prescrita ao indivíduo pela sociedade, é um conjunto das relações sociais, portanto não é homogênia. Em sala, foram discutidos dois tipos de relações: as relações de coação e de cooperação. A diferença entre estas relações é que, a primeira, é a imposição de um sistema ao indivíduo e, na segunda, faz-se nascer no indivíduo a consciência de normas ideias, dominando todas as regras, com isso, cria-se a ideia de igualdade e respeito mútuo.

A razão, para Piaget, é a tendência mais profunda de toda a atividade humana à marcha para o equilíbrio e reúne em si a inteligência e a afetividade. As interações sociais e afetivas, discutidas “A psicologia da criança” (p.103), mostram que a fase da “primeira infância” é dominada pela seguinte situação: “o objeto afetivo sensório-motor não passa de um objeto de contato direto, que não se pode evocar durante as separações.” Com a formação da imagem mental, a linguagem e o jogo simbólico, o objeto afetivo faz-se presente, até mesmo em sua ausência física. Esta situação, toda instável na criança, pode influenciar em seu comportamento social.

Falando um pouco, então, de relações sociais, pode-se dividi-las em três espécies de domínios: jogos de regras, ações em comum e trocas verbais. Mas o que, em minha opinião, mostra-se de vital importância é que os sentimentos e julgamentos morais são um dos resultados essenciais das relações afetivas entre as crianças e sua família, proporcionando uma estruturação gradual do pequeno indivíduo, e a realidade que é vivida por cada um de nós, atualmente, muitas vezes faz-se diferente de toda a teoria. Portanto, cada caso é um caso.

De forma conclusiva, Piaget trouxe inúmeras inovações para a área da educação e, por isso, foi e ainda é considerado um dos maiores pensadores acerca desta área. Sua teoria construtivista contribui, até hoje, nas práticas educacionais, considerado por muitos como uma alternativa melhor ao ensino tradicional.

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