sexta-feira, 4 de maio de 2012

Análise Crítica: Módulo Piaget

Francieli C. Dal Gallo – RA: 116888
                Após um breve estudo sobre a extensíssima obra Piagetiana, discutido pela Professora Dra. Heloísa Andrea Lins em classe, podemos visualizar o campo da educação a partir do ponto de vista do Construtivismo nos livrando de diversos preconceitos construídos por interpretações equivocadas dos estudos de Piaget.
                É preciso primeiramente compreender que, assim como muitos estudiosos, Piaget fez um recorte acerca de seu objeto de estudo, a Inteligência¹, e viveu em dada época de dado local e com dada cultura. Seus estudos são, por assim dizer, reflexos do contexto histórico, social e cultural que presenciou, portanto, é necessário que não fiquemos presos a leitura literal de sua obra. Com isso, julgo importante destacar que não devemos esperar que as crianças de hoje, que vivem em outro contexto que não o de Piaget, sigam exatamente os padrões por ele estabelecidos.
                Sendo o discutido autor muito ligado a formação biológica do ser humano, por conta de interesses anteriores, Piaget vai estabelecer parâmetros entre a maturação orgânica e a inteligência. Isso quer dizer que a inteligência está ligada ao desenvolvimento biológico do indivíduo, sendo assim, estabelece os Estágios de Desenvolvimento², que nada mais são etapas em que a cognição acompanha o crescimento e o desenvolvimento do corpo.
                É de extrema importância lembrar que Piaget não limita a estes fatores o fato da ampliação da inteligência no ser humano. Ao contrário, ele ainda deixa claro que se relacionar com o meio, interagindo, estando em atividade e experimentando o mundo proporciona um salto qualitativo do pensamento. Assim, em minha leitura, o sistema biológico de uma criança abriga um potencial que pode vir a desenvolver-se conforme as condições ambientais que o indivíduo tem para conhecer as coisas e o mundo. É nesse sentido que, não devemos comparar o desenvolvimento das crianças na época de Piaget com o das crianças de nosso tempo.
                É somente pela desequilibração que o meio propõe, seja por uma curiosidade, seja por uma provocação que um professor faz ao apresentar um conteúdo diferente do já conhecido, que o indivíduo amplia seu conhecimento e desenvolve a inteligência. Isso se dá uma vez que ele próprio já tem uma interpretação particular de mundo (assimilação) e, a modifica reinterpretando-a com a chegada de mais informações (acomodação), com isso ele consegue atingir a expansão e o equilíbrio da inteligência (equilibração). Todo esse processo cria esquemas, e são eles que possibilitam a transição de um Estágio para outro.
                Para finalizar, gostaria de ilustrar o meu ponto de vista sobre os Estágios de Desenvolvimento e inteligência, dando testemunho do que venho presenciando num projeto PIBID, do qual faço parte (Subprojeto Escola de 9 anos coordenado pela Professora Dra. Ana Archangelo) a cerca do desenvolvimento cognitivo proporcionado pelo Construtivismo na sala de aula (mesmo não sendo esta a base teórica que sustenta o projeto). Como bolsista desenvolvo durante 1 hora o Momento do Brincar com crianças do 3ºano do Ensino Fundamental, da faixa etária de oito a nove anos na Rede Pública de Ensino. Nesta turma existem crianças com relativo atraso de Estágio, como as que possuem pensamento egocêntrico e experimentam o mundo de forma motora (colocando os brinquedos na boca e os segurando numa atitude reflexiva) e as que estão ainda ativando as funções simbólicas.
                Com isso quero mostrar que são crianças “normais”, assim como as que desde muito pequenas (cinco anos, por exemplo) já sabem fazer operações matemáticas com perfeição também os são. E que para causar a desequilibração e fazer com que elas possam passar de um estágio para outro cabe a escola oferecer um ambiente favorável para a interação (que muitas crianças não encontram na família) por meio da mediação dos professores, na qual elas possam estar construindo conhecimento e desenvolvendo a inteligência potencial biológica do ser humano.

NOTAS:
1) Inteligência MATEMÁTICA.
2) Estágios de Desenvolvimento:
                Sensório Motor (0 a 4 anos): Há o pensamento egocêntrico (confusão do eu e do mundo), raciocínio transdutivo (para o particular), predominância de reflexos e inteligência prática (experimentação motora do mundo: colocar objetos na boca ou simplesmente tocá-los).
                Pré-Operatório (4 a 7 anos): Há a inteligência representativa e interiorizada. Estágio em que aparecem as funções simbólicas, ou seja, a capacidade de dar vida aos objetos (animismo) e de tirar vida de outros (artificialismo). A criança quando está neste estágio tem a predominação de aspectos subjetivos em relação ao mundo.
                Operacional Concreto (7 a 11 anos): Há o pensamento reversível. Utiliza o campo da percepção para fazer agrupamentos lógicos. Isso quer dizer que precisa de elementos físicos para realizar abstração (como o material dourado na aula de matemática).
                Operacional Formal (11 a 15 anos): Há o agrupamento de relações, ou seja, estabelece relações possíveis, prevê situações, cria hipóteses e tenta justificá-las. Neste estágio as operações matemáticas acontecem em perfeição.

BIBLIOGRAFIA:
MOREIRA, M. A. A teoria do desenvolvimento cognitivo de Piaget. In: Ensino e Aprendizagem: enfoques teóricos. SP: Editora Moraes, 1995 (p.95-106)
                               

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