quarta-feira, 13 de junho de 2012

Segunda resenha, sobre o módulo Vigotski/Wallon


A educação, aprendizado e desenvolvimento sob um olhar social
Octávio Augusto RA106884
            O segundo módulo trouxe um pouco mais de subjetividade para nossa discussão sobre desenvolvimento e aprendizado, ao trazer à tona o aspecto social do aprendizado e desenvolvimento, ainda que não se trate de uma teoria do inconsciente ou relativista, como Vigotski deixa claro ao dizer que quer trabalhar com o concreto.

            Nós tratamos de questões importantes sobre educação, novamente usando como base as crianças, só que desta vez não com Piaget, mas com Vigotski e Wallon. Apareceu novamente as discussões a respeito da questão do aprendizado versus desenvolvimento, a importância da imitação e sua relação com o nível de desenvolvimento, a natureza social do aprendizado e(m) sua relação com a vida intelectual que nos cerca, a consideração, mais uma vez, social, da noção do desenvolvimento ser vista também em grupo, em vez de verificar apenas o individuo sozinho.

            Como é possível ver, discutimos sobre muitos assuntos. Também consta em nossos debates a questão da afetividade versus cognição, tratada por Wallon e Vigotski, os diversos recursos que Wallon nos trouxe para embasar nossa atuação como professores ao considerar o respeito pelo aluno e os efeitos da emoção, que tem seu equilíbrio precário (MAHONEY, A.A.; ALMEIDA, L.R, 2003 p.82), bem como estágios  de desenvolvimento e da predominância funcional de Wallon. O aspecto biológico também entrou em questão, tanto quando discutimos as funções psicológicas superiores quanto ao tratarmos de alguns estudos sobre os primatas.
           
            De modo que torna-se impossível discorrer sobre tudo o que lemos e discutimos em apenas duas páginas, quero, então, tendo ao menos registrado praticamente tudo aquilo que estudamos, tratar do assunto que mais me interessou e que pareceu ser o mais fortemente tratado, que são as zonas proximais, afetividade e a mediação.

            A  ZDR (Zona de desenvolvimento real) caracteriza o estado de desenvolvimento mental retrospectivamente e a ZDP (zona de desenvolvimento proximal) que  caracteriza o desenvolvimento prospectivamente (VIGOTSKI, 1998 p.113) ou seja, a ZDR seria o que o aluno já maturou, já absorveu, o que ele é capaz de trabalhar. Já a ZDR seria o que ele tem de potencial para ser desenvolvido, o que ele pode atingir
            Na prática, a questão de se discutir a ZDR e a ZDP é a que na hora de ensinar, de propor um modelo de ensino ou de adotar uma postura em sala de aula, trabalhar e olhar para os indivíduos olhando apenas a sua ZDR, o que não é nada incomum mesmo nos dias atuais, seria algo equivocado e não eficiente. Trocando em miúdos, trabalhar apenas com a ZDR seria trabalhar apenas com estágios de desenvolvimento já atingidos e não com o que se pode obter, não com o despertar o desenvolvimento e fazer a criança progredir.

            Um belo exemplo disso é o filme "O contador de Histórias" (2009), onde Roberto, aluno da Febém, era considerado irrecuperável, já que sua ZDR seria a de um menino de 12 ou 13 anos mau comportado, analfabeto e taxado pela instituição como irrecuperável. A pedagoga Margherit Duvas ao longo do filme mostra que isso não era verdade adotando o menino e trabalhando com a afetividade, com a ZDP e com uma mediação de qualidade. Ela consegue com que Roberto saia do estágio de "irrecuperável", aprenda a ler, escrever, e, continuando seu desenvolvimento, torna-se Doutor, pedagogo, leciona na própria Febém e vira um autor de livros muito conhecido.

            Se Roberto não tivesse tido essa oportunidade de ser trabalhado a partir do que poderia atingir e não tivesse obtido uma relação de afetividade positiva, no sentido de progresso (já que teoricamente toda relação teria afetividade) e de mediação de qualidade (com uma boa professora, interessada, e boa estrutura, já que a mediação também seria composta de livros, por exemplo), ele provavelmente faria valer seu título de "irrecuperável". É por isso que a afetividade, a mediação e o trabalho com as ZDR/ZDP podem agir totalmente na constituição do indivíduo e no desenvolvimento.

            Portanto, da mesma maneira, após muito estudar este módulo, tenho certeza de que absorver melhor as noções de ZDR e ZDP, emoções e afetividade e a questão da importância da mediação e do social, terei uma base muito melhor para preparar o meu método de ensino. Mas, acima de tudo, o importante será acreditar no potencial das pessoas e no meu, como também mediador, estando motivado e não desistindo nunca, pois se queremos ser professores, devemos acreditar no que estamos fazendo e nos prepararmos, com bases teóricas como essa, para fazer um trabalho de qualidade.

Referências Bibliográficas:

VIGOTSKI, L.S. A Formação Social da Mente. SP: Martins Fontes, 1998. p.104-119

MAHONEY, A.A.; ALMEIDA, L.R. (orgs). Henri Wallon: Psicologia e Educação. 3ª. Ed.SP: Loyola, 2003. p. 71-87

LEITE, S.A.S. (org.). Afetividade e práticas pedagógicas. SP: Casa do Psicólogo, 2006. p.15-45

LUIZ VILLAÇA.  O Contador de Histórias [DVD]. 110min. Belo Horizonte: Ramalho Filmes e Nia Filmes; 2009


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