A
educação, aprendizado e desenvolvimento sob um olhar social
Octávio Augusto RA106884
Octávio Augusto RA106884
O segundo módulo trouxe um pouco
mais de subjetividade para nossa discussão sobre desenvolvimento e aprendizado,
ao trazer à tona o aspecto social do aprendizado e desenvolvimento, ainda que
não se trate de uma teoria do inconsciente ou relativista, como Vigotski deixa
claro ao dizer que quer trabalhar com o concreto.
Nós tratamos de questões importantes
sobre educação, novamente usando como base as crianças, só que desta vez não
com Piaget, mas com Vigotski e Wallon. Apareceu novamente as discussões a
respeito da questão do aprendizado versus desenvolvimento, a importância da
imitação e sua relação com o nível de desenvolvimento, a natureza social do
aprendizado e(m) sua relação com a vida intelectual que nos cerca, a
consideração, mais uma vez, social, da noção do desenvolvimento ser vista
também em grupo, em vez de verificar apenas o individuo sozinho.
Como é possível ver, discutimos
sobre muitos assuntos. Também consta em nossos debates a questão da afetividade
versus cognição, tratada por Wallon e Vigotski, os diversos recursos que Wallon
nos trouxe para embasar nossa atuação como professores ao considerar o respeito
pelo aluno e os
efeitos da emoção, que tem seu equilíbrio precário (MAHONEY, A.A.; ALMEIDA,
L.R, 2003 p.82), bem como estágios de
desenvolvimento e da predominância funcional de Wallon. O aspecto biológico
também entrou em questão, tanto quando discutimos as funções psicológicas
superiores quanto ao tratarmos de alguns estudos sobre os primatas.
De modo que torna-se impossível discorrer
sobre tudo o que lemos e discutimos em apenas duas páginas, quero, então, tendo
ao menos registrado praticamente tudo aquilo que estudamos, tratar do assunto
que mais me interessou e que pareceu ser o mais fortemente tratado, que são as
zonas proximais, afetividade e a mediação.
A ZDR (Zona de desenvolvimento real) caracteriza
o estado de desenvolvimento mental retrospectivamente e a ZDP (zona de
desenvolvimento proximal) que
caracteriza o desenvolvimento prospectivamente (VIGOTSKI, 1998 p.113) ou
seja, a ZDR seria o que o aluno já maturou, já absorveu, o que ele é capaz de
trabalhar. Já a ZDR seria o que ele tem de potencial para ser desenvolvido, o
que ele pode atingir
Na prática, a questão de se discutir
a ZDR e a ZDP é a que na hora de ensinar, de propor um modelo de ensino ou de
adotar uma postura em sala de aula, trabalhar e olhar para os indivíduos
olhando apenas a sua ZDR, o que não é nada incomum mesmo nos dias atuais, seria
algo equivocado e não eficiente. Trocando em miúdos, trabalhar apenas com a ZDR
seria trabalhar apenas com estágios de desenvolvimento já atingidos e não com o
que se pode obter, não com o despertar o desenvolvimento e fazer a criança progredir.
Um belo exemplo disso é o filme "O contador de Histórias" (2009), onde Roberto, aluno da Febém, era considerado irrecuperável, já que sua ZDR seria a de um menino de 12 ou 13 anos mau comportado, analfabeto e taxado pela instituição como irrecuperável. A pedagoga Margherit Duvas ao longo do filme mostra que isso não era verdade adotando o menino e trabalhando com a afetividade, com a ZDP e com uma mediação de qualidade. Ela consegue com que Roberto saia do estágio de "irrecuperável", aprenda a ler, escrever, e, continuando seu desenvolvimento, torna-se Doutor, pedagogo, leciona na própria Febém e vira um autor de livros muito conhecido.
Se Roberto não tivesse tido essa
oportunidade de ser trabalhado a partir do que poderia atingir e não tivesse obtido
uma relação de afetividade positiva, no sentido de progresso (já que
teoricamente toda relação teria afetividade) e de mediação de qualidade (com
uma boa professora, interessada, e boa estrutura, já que a mediação também
seria composta de livros, por exemplo), ele provavelmente faria valer seu
título de "irrecuperável". É por isso que a afetividade, a mediação e
o trabalho com as ZDR/ZDP podem agir totalmente na constituição do indivíduo e
no desenvolvimento.
Portanto, da mesma maneira, após
muito estudar este módulo, tenho certeza de que absorver melhor as noções de
ZDR e ZDP, emoções e afetividade e a questão da importância da mediação e do
social, terei uma base muito melhor para preparar o meu método de ensino. Mas,
acima de tudo, o importante será acreditar no potencial das pessoas e no meu,
como também mediador, estando motivado e não desistindo nunca, pois se queremos
ser professores, devemos acreditar no que estamos fazendo e nos prepararmos,
com bases teóricas como essa, para fazer um trabalho de qualidade.
Referências
Bibliográficas:
VIGOTSKI, L.S. A Formação Social da Mente. SP: Martins
Fontes, 1998. p.104-119
MAHONEY, A.A.;
ALMEIDA, L.R. (orgs). Henri Wallon:
Psicologia e Educação. 3ª. Ed.SP: Loyola, 2003. p. 71-87
LEITE, S.A.S. (org.). Afetividade e práticas pedagógicas. SP:
Casa do Psicólogo, 2006. p.15-45
LUIZ VILLAÇA. O
Contador de Histórias [DVD]. 110min. Belo Horizonte: Ramalho Filmes e Nia
Filmes; 2009
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