sábado, 16 de junho de 2012

Contribuições para a Educação: reflexão sobre as contribuições da teorias sócio interacionais para o desenvolvimento.


Reginaldo Alves do Nascimento, RA064013

Ao estudarmos Piaget, notamos que existe um grande salto na forma em que se encara o desenvolvimento humano em relação às perspectivas tradicionais de ensino, apesar deste não ter focado seus estudos na educação, ensino e aprendizagem. A partir da perspectiva interacionista, visão onde o ser humano se torna protagonista de suas ações, é possível visualizar-lo enquanto sujeito e que através de sua relação com o meio, ele acessa as condições para se desenvolver. Assim, quando uma criança, um jovem e/ou um adulto estão em contato com o meio social criam os mecanismos internos necessários para seu desenvolvimento.
Porém, ao estudarmos as perspectivas conhecidas como sócio interacionistas e/ou histórico-culturais notamos que existe um grande deslocamento sobre a visão do ser humano, o que permite as teorias da Educação, abranger maior gama de possibilidades e novas visões sobre a sala de aula e sobre as práticas pedagógicas. Dessa maneira, Vygotsky e Wallon trazem contribuições fundamentais para um novo olhar sobre o desenvolvimento humano, sobre o pensamento e linguagem.
Assim, enquanto vemos que para Piaget:

“nem a imitação, nem o jogo, nem o desenho, nem a imagem, nem a linguagem, nem mesmo a memória (à qual se teria podido atribuir uma capacidade de registro espontâneo comparável ao da percepção) se desenvolvem ou organizam sem o socorro constante da estruturação da própria inteligência” (A Psicologia da Criança, Jean Piaget & Barbel Inhelder, Rio de Janeiro, 2011, 5ªed.)

Notamos que nesta afirmação existe como uma hierarquia entre o pensamento, o desenvolvimento e a linguagem. Onde a linguagem se subordina ao pensamento (inteligência).
Quando contrastamos esta visão com o que postula Vygótsky (1991) ao afirmar que “o pensamento não é simplesmente expresso em palavras, é por meio delas que ele passa a existir”, vemos um ponto fundamental sobre a teoria sócio interacional: o pensamento e a linguagem estão intrinsecamente ligados. Para Vygótsky existe uma relação dialética entre o pensamento e a linguagem, assim como, é possível notar que a aprendizagem ganha mais destaque nesta formulação, pois ela não está descolada do desenvolvimento, como enxerga Piaget, mas caminha junto com ele e o estimula todo o tempo.
Ademais, a perspectiva abordada por Vygótsky apresenta outro fator muito importante para a diferenciação em relação ao que acredita Piaget: não é somente na interação com o meio que o ser humano se desenvolve, mas é justamente na relação de aprendizagem, com a ajuda do “outro”, do mediador, que este processo acontece. Dessa maneira, apesar das condições biológicas presentes no homem, não são somente estas que permitem ao ser humano se desenvolver, mas sim as condições sócio-culturais nas quais ele está inserido. Assim, as relações que o ser humano estabelece com o meio social e as intervenções que este sofre a todo o momento, desde seu nascimento até a morte, sãos fundamentais para o seu desenvolvimento, e isto permite ao ser humano não só se desenvolver em qualquer fase de sua vida, mas ser capaz de intervir e/ou criar as condições (mediadas) de intervir no meio em que vive.
Partindo destas prerrogativas, quando Vygótsky postula sobre o Nível de Desenvolvimento Real (NDR), a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZPD) e o Nível de Desenvolvimento Potencial (NDP), ele observa que a aprendizagem não deve se deslocar no que já está concretizado no aluno (NDR), mas sim em suas pontecialidades (NDP). Assim cabe àquele que media este processo de aprendizagem, influir nestas potencialidades, intervindo neste campo aberto (ZPD) que se coloca entre o que está apreendido e o que é possível fazer.
                Ainda no campo histórico cultural e/ou sócio interacional, podemos destacar outro importante teórico: Wallon. Este autor mantém grande proximidade teórica com Vygóstky, porém destaca em sua teoria um ponto que ele considera muito importante para os processos de desenvolvimento e aprendizagem do ser humano: a afetividade. Destacando a importância que para o desenvolvimento de um ser humano completo a boa formação do professor e que ele tenha conhecimento de sua atuação e do “poder” que ele estabelece e pode estabelecer. Dessa maneira, a afetividade se torna fundamental no processo de aprendizagem e desenvolvimento do ser humano, pois Wallon acredita que em qualquer processo de “interação mediada” (aprendizagem) exista esta afetividade, seja ela negativa ou positiva, por isso, quando ele afirma da necessidade do professor ter conhecimento do seu papel e a importância de uma boa formação, é justamente por perceber que este pode influir negativa ou positivamente no interesse (motivação) e nas condições de aprendizagem do aluno.
                A partir destas considerações, é importante notar, por fim, o deslocamento que os três autores criam em relação ao ensino e a visão tradicional, onde o aluno é colocado como tabula rasa no processo de aprendizagem. Podemos afirmar, primeiramente, que Piaget traz uma grande contribuição que é a de enxergar o ser humano enquanto sujeito ativo, que tem poder de intervenção, Vygótsky por sua vez contribui para a visão e interação para com o meio social, não vendo o ser humano individual, mas em coletivo, em completa interação com o outro, e Wallon apresenta a fundamental importância da consciência que se deve ter nestas relações, estas permeadas de afetividade e que permitem o melhor desenvolvimento e aprendizagem. Pensar e refletir sobre o que postulam estes autores é fundamental para pensarmos os processo de educação e as possibilidades de mudança na escola e na sociedade.

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