quinta-feira, 14 de junho de 2012

Análise Crítica: Módulo Vigotsky e Wallon

Francieli Caetano Dal Gallo - RA: 116888

                Pude, com a perspectiva histórico-cultural, abordada por Vigotsky e Wallon, melhor compreender o quanto a psicologia pode nos auxiliar na prática docente. Vemos o quanto o meio sócio-cultural, sem descartar propensões genéticas e subjetivas de um indivíduo, acaba por moldar o homem em suas interações com o ambiente. Dessa forma, vejo que o espaço escolar não só serviria para a transmissão de conteúdos programáticos, mas também como ambiente para adquirir e produzir cultura, uma vez que é uma instituição poderosíssima para a constituição e modificação dos indivíduos.

                Vigosky, ao acreditar que todo ser humano tem a capacidade de aprender, dado as suas experiências com sujeitos à margem da sociedade de sua época, nos apresenta um panorama no qual podemos observar a aprendizagem como desencadeadora de desenvolvimento de toda e qualquer pessoa. Pensando na escola e tendo em vista a teoria Vigotskyana, podemos olhar o fracasso no aprendizado de muitas crianças, adolescentes e adultos, não como a uma incapacidade, mas à qualidade da mediação1 na transmissão de conhecimentos dos sujeitos mais experientes que os cercam.

É por meio da interatividade entre o ambiente social e as mediações pedagógicas que o sujeito tem a possibilidade de (re)interpretar o mundo e (re)elaborar sua própria cultura, parte da coletividade para constituir a sua subjetividade. É com essa experiência que os processos internos de aprendizagem acontecem e proporcionam o desenvolvimento do ser humano.

                A linguagem, instrumento social de comunição com significado compartilhado entre os membros de uma comunidade, passa a ser um filtro pelo qual o sujeito olha o mundo e o (re)constrói, pois ao estar em sintonia com o pensamento faz com que o indivíduo signifique e internalize sua realidade utilizando os processos mentais superiores integrados2. Podemos observar a significação e a internalização através da imitação3 e da brincadeira4.

                 Por fim, com Wallon vemos que temos acesso a linguagem5 não só pelo meio sócio-cultural, mas também pelo conteúdo afetivo que se apresenta na significação, assim, as emoções também seriam fonte de inteligência. Como seres humanos, somos afetivos a todo o momento, mesmo sem dizer nada, observamos o que os outros sentem por meio de movimentos socializados que significam em determinados contextos6.

Aos pensarmos na escola, é impossível deixarmos estas questões em segundo plano, uma vez que estamos junto a outros sujeitos ocupando um lugar comum. Os professores devem explorar as emoções e os movimentos para encontrar formas de envolver positivamente os alunos a fim de proporciona-lhes desenvolvimento cognitivo e subjetivo, dar-lhes a chance de olhar sua realidade e ao sentir vontade, modificá-la. Penso que este é o papel dos professores na educação.

               



NOTAS:
1) Vemos que a mediação é a interferência transformadora na zona de Desenvolvimento Potencial de uma pessoa. Na escola, isso acontece a todo o momento: desde um aluno que ajuda seu colega a realizar um dever a um professor que vai aplicar exercícios, por exemplo.
2) Atenção, percepção e memória.
3) Reconstrução pela observação da realidade, realização de ações que vão além da capacidade real do indivíduo.
4) Cria Zona de Desenvolvimento Proximal. Situação em que se tem um comportamento mais avançado do que esperado para a idade.
5) Linguagem cruzada com o pensamento.
6) Exemplo 1: bufar socialmente significa estar farto de alguma situação. Exemplo 2: mover o indicador de um lado para o outro significa socialmente uma reprovação, uma negativa.

BIBLIOGRAFIA:
  • DANTAS, P. Para conhecer Wallon: Uma Psicologia Dialética. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1983.
  • OLIVEIRA, M.K. Vigotsky: aprendizado e desenvolvimento: um processo sócio-histórico. SP: Scipione, 1997.
  • VIGOTSKY, L.S. A formação social da mente. 6ª. Ed. SP: Martins Fontes, 1998.
  • ____________. Pensamento e Linguagem. SP: Martins Fontes, 1998

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