quinta-feira, 14 de junho de 2012


Análise Crítica – Módulo Vygotsky e Wallon

Natália Camargo Gomes – RA:118227   


            Em relação ao módulo estudado, sobre as contribuições de Vygotsky e Wallon em uma perspectiva histórico-cultural, foi possível analisar ambos e observar as diferenças entre eles.

            Sobre o aprendizado, os estudos de Vygotsky decorrem da compreensão do homem como um ser que irá se formar a partir do contato com a sociedade, rejeitando tanto teorias inatistas quanto empiristas. A formação acontece numa relação dialética entre o sujeito e a sociedade em que convive, sendo que um modifica o outro; assim, cada pessoa estabelece uma experiência pessoal e significativa com um determinado ambiente.

            Para Vygotsky, a partir do aprendizado são desenvolvidos os processos psicológicos mais complexos que originam as funções psicológicas mais ‘’superiores’’; segundo ele, essa funções diferenciam os humanos dos outros animais. Relacionado a isso, há um conceito muito importante em seus estudos, o da zona de desenvolvimento proximal (ZDP). A ZDP corresponde a tudo o que uma criança tem capacidade de adquirir em termos intelectuais quando possui um suporte educacional adequado. Por exemplo pode-se citar a questão da fala, pois a criança nasce com condições biológicas de falar, mas só irá desenvolvê-la se aprender com algum adulto.

            Assim, para desenvolver tudo o que tem capacidade, a criança necessita de uma mediação, aonde entra o papel do adulto, e mais importante ainda o papel do professor. Para Vygotsky, no primeiro contato da criança com novas informações, atividades ou habilidades, deve existir a participação de um adulto. Desse modo, a criança consegue internalizar as coisas, tornando-se independente para realizá-las. E saber identificar o que o aluno já sabe e o que está prestes a aprender, conseguindo direcionar o processo, é uma habilidade necessária para professores.

            Vale ressaltar que outro aspecto importante é a questão dos signos ou símbolos, uma construção da mente humana que media a relação entre o homem e a realidade, papel similar à instrumentos de trabalho,por exemplo; por isso, Vygotsky utilizava o termo instrumentos simbólicos. Havia ênfase da linguagem como um instrumento simbólico, pois a partir do aprendizado desta, que carrega conceitos da cultura à qual pertence o sujeito, é possível direcionar o próprio desenvolvimento pessoal.

            Vygotsky não formulou uma teoria pedagógica, mesmo que seu pensamento ressalte a importância da escola na formação do conhecimento de um indivíduo; uma intervenção estimula um desenvolvimento que não ocorreria espontaneamente. Um ensino de boa qualidade é aquele que leva o aluno à atingir um nível de compreensão ao qual não conseguiria chegar sozinho.

            Para Wallon, assim como Vygotsky, o processo de aprendizagem é dialético, e, além disso, propõe o estudo de uma pessoa completa, considerando tanto a cognição quanto a afetividade e a motricidade. Para ele, o homem é resultado de influências sociais e fisiológicas, e suas potencialidades psicológicas dependem especialmente do contexto sócio-cultural.

            Segundo ele, o desenvolvimento seria um processo de identificação em oposição ao mundo exterior, ou seja, o indivíduo sai de um estágio de completa imersão social para outro em que possa se distinguir e distinguir seus próprios motivos. E assim como Piaget, Wallon propões estágios de desenvolvimento (impulsivo-emocional, sensório-motor, personalístico, categorial, adolescência), mas difere daquele por afirmar que não é tão delimitado, pois os estágios se integram, sendo que um não suprime o comportamento do outro.

            E a proposta de Wallon é que o desenvolvimento intelectual ocorra dentro de uma cultura mais humanizada, e coloca como base para a cognição quatro campos funcionais: motor, afetividade, inteligência e a formação do eu como pessoa; isso mostra que o indivíduo é analisado como um todo. É necessário levar, além do corpo da criança, suas emoções para dentro do ambiente escolar, pois é a partir delas que são exteriorizados os desejos e as vontades.

            Assim, analisando tanto Vygotsky quanto Wallon, é possível observar que o primeiro coloca que as funções superiores são adquiridas pelo indivíduo a partir de seu convívio social, e que é essencial o papel de um mediador para que o desenvolvimento seja impulsionado, pois todos possuem capacidade para tal, mas podem não conseguir sozinhos. Neste contexto acredito que deve ser destacado o papel dos professores; porém um desafio é que os educadores podem orientar as crianças em diversas maneiras, dependendo da cultura. Além disso, a comunicação verbal pode não ser a única forma pela qual o pensamento se desenvolve, outro desafio ao que é proposto por Vygotsky.

            Em relação à Wallon, foi de grande importância a questão da afetividade colocada por ele, pois a criança demonstra suas emoções, e estas causam impactos no outro, tendo influência no meio social. Uma relação dialética irá ajudar a desenvolver a criança sintonizada com o meio, pois há maior liberdade para ela.


Bibliografia:
Vygotsky, L.S. Pensamento e Linguagem. SP: Martins Fontes, 1998.
Vygotsky, L.S. A formação social da mente, 6ª edição. SP: Martins Fontes, 1998.
DANTAS,P. Para conhecer Wallon: Uma Psicologia Dialética. Ed. Brasiliense, S. Paulo, 1983.
Galvão, I. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.

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