Análise Crítica – Módulo Vygotsky e Wallon
Natália Camargo Gomes – RA:118227
Em relação ao módulo estudado, sobre as
contribuições de Vygotsky e Wallon em uma perspectiva histórico-cultural, foi
possível analisar ambos e observar as diferenças entre eles.
Sobre o aprendizado, os estudos de
Vygotsky decorrem da compreensão do homem como um ser que irá se formar a
partir do contato com a sociedade, rejeitando tanto teorias inatistas quanto
empiristas. A formação acontece numa relação dialética entre o sujeito e a
sociedade em que convive, sendo que um modifica o outro; assim, cada pessoa
estabelece uma experiência pessoal e significativa com um determinado ambiente.
Para Vygotsky, a partir do
aprendizado são desenvolvidos os processos psicológicos mais complexos que
originam as funções psicológicas mais ‘’superiores’’; segundo ele, essa funções
diferenciam os humanos dos outros animais. Relacionado a isso, há um conceito
muito importante em seus estudos, o da zona de desenvolvimento proximal (ZDP).
A ZDP corresponde a tudo o que uma criança tem capacidade de adquirir em termos
intelectuais quando possui um suporte educacional adequado. Por exemplo pode-se
citar a questão da fala, pois a criança nasce com condições biológicas de
falar, mas só irá desenvolvê-la se aprender com algum adulto.
Assim, para desenvolver tudo o que
tem capacidade, a criança necessita de uma mediação, aonde entra o papel do
adulto, e mais importante ainda o papel do professor. Para Vygotsky, no
primeiro contato da criança com novas informações, atividades ou habilidades,
deve existir a participação de um adulto. Desse modo, a criança consegue
internalizar as coisas, tornando-se independente para realizá-las. E saber
identificar o que o aluno já sabe e o que está prestes a aprender, conseguindo
direcionar o processo, é uma habilidade necessária para professores.
Vale ressaltar que outro aspecto
importante é a questão dos signos ou símbolos, uma construção da mente humana
que media a relação entre o homem e a realidade, papel similar à instrumentos
de trabalho,por exemplo; por isso, Vygotsky utilizava o termo instrumentos
simbólicos. Havia ênfase da linguagem como um instrumento simbólico, pois a
partir do aprendizado desta, que carrega conceitos da cultura à qual pertence o
sujeito, é possível direcionar o próprio desenvolvimento pessoal.
Vygotsky não formulou uma teoria
pedagógica, mesmo que seu pensamento ressalte a importância da escola na
formação do conhecimento de um indivíduo; uma intervenção estimula um
desenvolvimento que não ocorreria espontaneamente. Um ensino de boa qualidade é
aquele que leva o aluno à atingir um nível de compreensão ao qual não
conseguiria chegar sozinho.
Para Wallon, assim como Vygotsky, o
processo de aprendizagem é dialético, e, além disso, propõe o estudo de uma
pessoa completa, considerando tanto a cognição quanto a afetividade e a
motricidade. Para ele, o homem é resultado de influências sociais e
fisiológicas, e suas potencialidades psicológicas dependem especialmente do
contexto sócio-cultural.
Segundo ele, o desenvolvimento seria
um processo de identificação em oposição ao mundo exterior, ou seja, o
indivíduo sai de um estágio de completa imersão social para outro em que possa
se distinguir e distinguir seus próprios motivos. E assim como Piaget, Wallon
propões estágios de desenvolvimento (impulsivo-emocional, sensório-motor,
personalístico, categorial, adolescência), mas difere daquele por afirmar que
não é tão delimitado, pois os estágios se integram, sendo que um não suprime o
comportamento do outro.
E a proposta de Wallon é que o desenvolvimento
intelectual ocorra dentro de uma cultura mais humanizada, e coloca como base
para a cognição quatro campos funcionais: motor, afetividade, inteligência e a
formação do eu como pessoa; isso mostra que o indivíduo é analisado como um
todo. É necessário levar, além do corpo da criança, suas emoções para dentro do
ambiente escolar, pois é a partir delas que são exteriorizados os desejos e as
vontades.
Assim, analisando tanto Vygotsky
quanto Wallon, é possível observar que o primeiro coloca que as funções
superiores são adquiridas pelo indivíduo a partir de seu convívio social, e que
é essencial o papel de um mediador para que o desenvolvimento seja impulsionado,
pois todos possuem capacidade para tal, mas podem não conseguir sozinhos. Neste
contexto acredito que deve ser destacado o papel dos professores; porém um
desafio é que os educadores podem orientar as crianças em diversas maneiras,
dependendo da cultura. Além disso, a comunicação verbal pode não ser a única
forma pela qual o pensamento se desenvolve, outro desafio ao que é proposto por
Vygotsky.
Em relação à Wallon, foi de grande
importância a questão da afetividade colocada por ele, pois a criança demonstra
suas emoções, e estas causam impactos no outro, tendo influência no meio
social. Uma relação dialética irá ajudar a desenvolver a criança sintonizada
com o meio, pois há maior liberdade para ela.
Bibliografia:
Vygotsky, L.S. Pensamento e Linguagem. SP:
Martins Fontes, 1998.
Vygotsky, L.S. A formação social da mente, 6ª
edição. SP: Martins Fontes, 1998.
DANTAS,P. Para conhecer Wallon: Uma Psicologia
Dialética. Ed. Brasiliense, S. Paulo, 1983.
Galvão, I. Henri Wallon: uma concepção dialética
do desenvolvimento infantil. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.
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