sexta-feira, 15 de junho de 2012

Considerações sobre a perspectiva teória de Vygotsky e Wallon

           Considerações sobre a perspectiva teória de Vygotsky e Wallon
                                                                                                           Lucas da Silva Lopes, RA 117710

O meio social, a mediação, é fator de grande influência sobre a formação do indivíduo. Essa é uma das principais formulações da perspectiva histórico-cultural latente na teoria de Vygotsky e também muito presente na teoria de Wallon. A perspectiva histórico-cultural está atrelada a concepção marxista do homem como ser social formado na história, imerso na cultura; história que, vale ressaltar, é encarada como construção humana.
            Com essa base em vista, a crítica de que a perspectiva vygotskyana seria determinista, ou seja, pressuporia um ser fadado a submeter-se aos ditames e demandas sociais, culturais e históricas de seu contexto, ou seja, um ser apagado diante das conjunturas de sua época; perde força. Tal crítica enfraquece exatamente na medida em que a teoria vygotskyana trabalha com um ser que é construído e se constrói, um ser que recebe as influências externas sem deixar de ser sujeito de sua história.
            Trata-se de uma dialética tênue: alguém exerce uma influência sobre o desenvolvimento e aprendizado de uma outra pessoa (esse alguém é chamado de mediador), essa influência é vital para que a pessoa progrida em zonas de desenvolvimento mais avançadas do que as já alcançadas pela pessoa, no entanto, o papel do mediador por si só não é capaz de proporcionar o aprendizado e o desenvolvimento no outro caso não haja a contrapartida desse outro estar aberto a tal mediação. A noção de alteridade é ponto fundamental para a perspectiva histórico-cultural.
            Também é imprescindível notar que ao falar de mediação muitos outros conceitos estão atrelados. Dentre eles, podemos destacar a afetividade e a motivação. Partindo dessa perspectiva de análise podemos compreender que a afetividade não é apenas um envolvimento emocional racionalmente direcionado pelo professor-mediador, pois, ao decidir manter-se afastado dos alunos, sem deixar brecha para um relacionamento amigável, o professor-mediador está estabelecendo um tipo de afetividade no seu relacionamento com os alunos, no entanto, é um tipo de afetividade que tende a ser danosa na relação de ensino-aprendizagem.
            A motivação também é importante na medida em que apenas estando motivados os sujeitos se envolverão de fato na mediação. Tanto o professor-mediador quanto o aluno precisam estar motivados, caso contrário a mediação será falha. A motivação torna as pessoas empenhadas e comprometidas, faz com que trabalhem juntas em busca de um sentido ou objetivo comum.
            A teoria vygotskyana, ao apontar para a necessidade de valorização do outro, para a necessidade de uma mediação de qualidade, para a luta em prol do outro que é excluído, taxado de incapaz e subjugado pelos preconceitos socialmente vigentes, se mostra uma teoria muito atual. Em tempos em que o individualismo e a exacerbação de um eu egocêntrico estão em voga, a divulgação de uma voz que valoriza o outro e coloca o eu e o outro em uma relação de troca em que não há desvalorização de nenhum, é uma tarefa premente.

Referências:
DANTAS, P. Para conhecer Wallon: Uma Psicologia Dialética. Editora Brasiliense, 1983.
LEITE, S. S. Afetividade e práticas pedagógicas. Editora Casa do Psicólogo, 2006.
MAHONEY, A.; ALMEIDA, L. Henri Wallon: Psicologia e Educação. Editora Loyola, 2003.
OLIVEIRA, M.K. Vigotsky: aprendizado e desenvolvimento: um processo sócio-histórico. Editora Scipione, 1997.
VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. Editora Martins Fontes, 1991. 

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