sexta-feira, 29 de junho de 2012


Campinas, junho de 2012.

Alunos: Reginaldo Alves do Nascimento (RA064013); Renan Corrêa Cipriano (RA097523); Octávio Augusto Bueno Fonseca da Silva (RA106884); Lucas da Silva Lopes (RA117710) e Shirlliney Virginio de Sousa (RA035960).
Docente: Heloisa Andreia de Mattos Lins
Disciplina: EL511-F – Psicologia e Educação

Representações Sociais e a valoração social de conhecimentos científicos

                Quando falamos em sociedade moderna, sobre a vida em coletividade e interação com o meio (social), torna-se fácil pensar na representação social. Porém, diferente da visão advinda do senso comum, onde a representação define-se como ato de representar uma ideia ou um coletivo, ou seja, estar à frente de outros para expor ou colocar uma ideia, falando em nome de outros, tomaremos outra base de significação para desenvolver esta conceituação.
Para tanto, lembramos primeiramente que

“em história e em ciências sociais, em geral, entende-se por conhecimentos prévios um conjunto de ideias e modos de pensar ou raciocinar socialmente construídos.

Reveste-se, assim, de grande importância investigarmos em que medida esses conhecimentos prévios ou representações sociais influenciam na construção de novas aprendizagens e identidades.” ( SIMAN,  2005)”

 

            Como dito por Siman (2005), os conhecimentos prévios que temos sobre os sujeitos ou ações se tornam aquilo que chamamos de representações sociais, ou seja, os conhecimentos que adquirimos definem as nossas visões e posições sobre as coisas e pessoas, podendo estas ser mutáveis de acordo com os novos conhecimentos que adquirimos.
Porém, por esta visão, quando formulada nesta pequena definição, ainda aparecer num escopo limitado, também utilizaremos as perspectivas conhecidas como sócio interacionistas e/ou histórico-culturais apresentadas por Vygotsky para trabalhar este conceito. Utilizar-se-á principalmente este autor devido ao olhar sobre o desenvolvimento humano, sobre o pensamento, a linguagem e a aprendizagem que o mesmo apresenta.
Para Vygotsky (1991) “o pensamento não é simplesmente expresso em palavras, é por meio delas que ele passa a existir”, ou seja, o pensamento e a linguagem estão intrinsecamente ligados. Dessa maneira, para Vygótsky existe relação dialética entre o pensamento e a linguagem, assim como, para ele a aprendizagem não está descolada do desenvolvimento, mas caminha junto e o estimula todo o tempo.
Ademais, com Vygótsky (1935), surge a definição de mediação. Este conceito define-se o processo de intervenção de um intermediário; como os sujeitos, os signos (palavras) e instrumentos. Sendo assim, o ser humano pode relacionar-se com a natureza e com os outros indivíduos de forma diferente do resto dos animais. Por isso, ao sofrer algum estímulo, ele responde ao mesmo, no entanto não de forma direta, mas sim mediada, onde principalmente a linguagem<!--[if !supportFootnotes]-->[1]<!--[endif]--> surge como mecanismo intermediário (mediador) em tomadas de decisão e de reflexão.
Como também, fica claro que Vygóstsky toma como prerrogativa que o ser humano desenvolve seu raciocínio e cria as condições de pensar e se desenvolver da forma que desenvolve não só por suas condições biológicas, mas principalmente pelas condições socioculturais nas quais ele está inserido e pelas relações (mediações) que estabelece com o meio.
Tomando como base estas formulações, torna-se possível entender as representações sociais como os processos aqueles conhecimentos que adquirimos no meio social, através do contato que estabelecemos com o outro. Ou seja, no contato com o meio social criamos suposições e conceitos sobre aquilo que observamos. Estas representações muitas vezes feitas a partir do conhecimento trazido pelo outro, pelo meio social no qual estamos. Assim sendo, a “representação social” torna-se uma mediação do sujeito com a coletividade, determinando conceitos de valorização de uma coisa em relação à outra.
Escolhendo e determinando comportamentos, trejeitos, vestuários através do que estes “instrumentos”, o sujeito cria sua linguagem de comunicação com o coletivo, esta linguagem mediada (que não é necessariamente verbal) ditará sua relação imediata em relação ao “meio” que se identifica/ quer pertencer. Sendo que esta condição torna-se, portanto, signo de “pré-conceitos” que adquirimos para relacionar.
Dessa maneira, busca-se evidenciar nesta investigação que muitos dos pré-conceitos e preconceitos, aqui chamados de representações sociais, que criamos em relação às pessoas e suas escolhas são também determinadas pelos graus de valorização social que as áreas de conhecimento e algumas profissões têm em nossa sociedade.
Pensando também que
“as representações surgem, assim, como a capacidade de dar às coisas uma "nova forma" por meio da atividade psíquica. Esta envolve uma mediação entre o sujeito e o objeto-mundo. Como o sujeito se insere numa comunidade concreta e simbólica, este não está condenado a simplesmente reproduzir esta realidade.” (Siman, Lana Mara de Castro. Cad. CEDES v.25 n.67 Campinas set./dez.  2005)

            Ou seja, pelo fato de o ser humano estar em constante contato com o meio social e entende-lo enquanto sujeito ativo de transformação e intervenção, é pretendido mostrar que, mesmo existindo uma visão social, existem diferenças entre as formas com que os pré-conceitos aparecem são encarados por cada sujeito. Isto porque, também é tomado como prerrogativa que cada ser humano trilha um caminho único de conhecimento e desenvolvimento, criando uma visão distinta da dos outros sujeitos, podendo concordar e/ou discordar do pensamento social majoritário, porém sempre dentro do escopo do pensamento social.
Como dito por Couche (2002)
“a identidade social não diz respeito unicamente aos indivíduos. Todo grupo é dotado de uma identidade que corresponde à sua definição social, definição que permite situá-lo no conjunto social. A identidade social é ao mesmo tempo, inclusão e exclusão: ela identifica o grupo (são membros do grupo os que são idênticos sob um certo ponto de vista) e os distingue de outros grupos (cujos membros são diferentes dos primeiros sob o mesmo ponto de vista). Nesta perspectiva, a identidade cultural aparece como uma modalidade de categorização da distinção nós/eles, baseada na diferença cultural.” (CUCHE, 2002, p.177)
           
Dessa maneira, também conceituamos o indivíduo, aqui chamado de sujeito social, como aquele que admite sua identidade através do conhecimento e da relação com o meio social, ou seja, ao tempo que a identificação e formação do sujeito se dão através dos “círculos sociais” no qual se insere, também é nele que se criam as suas particularidades/diferenças.

Procedimentos e pesquisa:
A luz das representações sociais, pensando nas construções dos sujeitos dentro de uma sociedade, pretendeu-se fazer uma pequena análise sobre como se de fato existe pré-conceitos e preconceitos em relação aos alunos de determinadas áreas de conhecimento científico em relação a outros.
Dessa maneira, através de uma série de entrevistas com variados grupos sociais foi possível constatar a existência de valoração de uma área de conhecimento (Exatas, Humanas e Biológicas) em relação à outra. Para deixar mais nítida a ideia que concerne este trabalho, apontou-se a ideia de serem analisadas as construções de representação (preconceitos) entre os alunos Unicamp, alunos do Cursinho Popular do DCE da Unicamp, localizado na Escola Estadual Carlos Gomes (Centro de Campinas), alunos de universidades particulares de Campinas, assim como o caso de pessoas já escolarização e formação profissional superior.  O procedimento de recolhimento de dados foi feito através de ficha preenchida pelos entrevistados, sendo que estes poderiam responder da maneira que fosse mais adequado e sem necessariamente ter que se identificar.
Com isso, de forma mais detalhada, o questionário conteve oito perguntas. Estas divididas em blocos de questões dissertativas e alternativas.
Tentamos observar no questionário três questões básicas:
<!--[if !supportLists]-->1)      <!--[endif]-->Verificar se a maior parte dos alunos estava cursando a sua área afim, ou seja, um aluno que gosta da área de exatas se ele seguia esta área ou ia para outra, devido a dificuldade em passar no curso/área desejada.
<!--[if !supportLists]-->2)      <!--[endif]-->Verificar nas respostas dadas em relação aos cursos (qual curso é mais valorizado e qual é menos valorizado) sobre quais são os motivos que levam cada uma das pessoas a responder aquela questão. Por exemplo, um aluno que responde que o curso mais importante é a medicina responde isso por quê? E um aluno que responde que o menos valorizado é filosofia responde isso por quê?
<!--[if !supportLists]-->3)      <!--[endif]-->Por fim, verificar de forma mais explícita as representações sociais criadas em cima de cada área, ou seja, quais são os pré-conceitos criados pelos alunos de humanas em relação às exatas e biológicas, de exatas em relação às outras duas áreas e o mesmo em relação aos de biológicas. Assim como, verificar se este efeito se dá também para o ensino médio ou para quem já passou pela universidade ou se é uma característica tipicamente universitária ou ainda tipicamente da Unicamp/universidade pública.
Esperávamos com as respostas, dessa maneira, analisar qual área dentre biológicas, exatas e humanas obtém maior prestígio social, principalmente para os grupos entrevistados, se ele confirma ou não o discurso social majoritário.
            Devido a entraves de ordem metodológicos e burocráticos, não foi possível de fato entrevistar um dos grupos escolhidos, o do Cursinho Popular do DCE e da Escola Estadual em questão. Dessa maneira, o corpus da pesquisa ficou da seguinte maneira:


<!--[if !vml]-->
<!--[endif]-->            Como vemos no gráfico acima, foi feita uma base de dados que envolveram em torno de 32 pessoas, sendo 16 dos entrevistados alunos da Unicamp ou alguma universidade Pública, 9 entrevistados de uma Universidade Particular de Campinas, a UNIP, 4 pessoas já formadas e 3 pessoas que encerraram seus estudos ainda no ensino médio.



Gráfico 2.

            Destes dados presentes no segundo gráfico, notamos que 14 pessoas cursavam algum curso de humanas ou simpatizavam com a área, 10 cursavam ou simpatizavam com a área de exatas e 8 cursavam ou se simpatizavam com a área de Biológicas. Todos os entrevistados, com exceção de um, disseram que o Curso de Medicina é o mais importante dos cursos, já que é um curso que visa a cuidar da saúde e sobrevivência das pessoas. Já em relação aos cursos de menos prestígio revelou-se principalmente o curso de Filosofia (24 dos entrevistados), por dois motivos básicos: primeiro por não verem uma funcionalidade para o curso, no sentido técnico de funcionalidade, assim como por não ser um curso valorizado financeiramente.
Já em relação às perguntas dissertativas, que tinham o caráter mais explícito de verificar as representações criadas pelos sujeitos, notamos que praticamente todos os alunos da Unicamp identificam os estudantes de outros cursos pelo vestuário ou algumas marcas significativas na identificação das pessoas. Dentre as quais, notamos que existe uma grande valoração e pré-conceitos em relação ao que as pessoas dizem em relação às outras. As pessoas de humanas, por exemplo, sempre se dirigiam aos estudantes de exatas, principalmente os estudantes de engenharia, como aqueles que não pensam e sem cultura. Enquanto os estudantes de engenharia e mesmo de cursos de humanas se dirigem aos estudantes do IFCH (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas) de forma pejorativa, identificando-os com valores e estigmas dados àqueles que não se adéquam aos padrões valorizados pela sociedade.
Dessa maneira, abaixo selecionamos algumas das respostas mais interessantes sobre o tema:
“Em geral os estudantes de Humanas são menos apegados à marcas, e essa é uma característica que podemos usar para identificá-los. Geralmente os alunos do IFCH, IEL e IA se preocupam menos com o vestuário do que os de Exatas e Biológicas”  (U.F, Filosofia)
“[...] para você identificar se uma mulher é do IFCH, basta ver se ela está de meia grande, comprida e rasgada [...] se for bonita, mas fedida, é de artes cênicas [...] se estiver usando roupas caras, bolsa, etc., é da Medicina[...]” 
(Anônimo, Funcionário do Instituto de Artes)
“Em geral os estudantes de Humanas são de esquerda. Os do IEL e IA são bacanas, mas os do IFCH são quase todos maconheiros e comunistas ao extremo. Os de exatas, por sua vez, são mais baladeiros. Os alunos de exatas e biológicas tem um nível cultural muito superficial. Na minha van quem é de exatas só sabe falar de cerveja, sexo e futebol. Nunca falam nada mais elaborado. É que o curso deles só ensina uma técnica de trabalho e não modifica o ser” (A. M, IEL).
“Pessoas mais atléticas fazem educação física, e pessoas mais retroativas, sedentárias, nerds estão na área de exatas.” (isto não é uma rotulação, mas na maioria é assim).(Anônimo, Formado na área de Humanas)
            Já em relação às pessoas que não tem contato com a Unicamp, já se formaram ou que estudam em Universidade Particular a respostas foram bem diferentes. Todos respondendo que a forma de vestir não remete necessariamente a qual curso ou profissão a pessoa está:
“Acho que não é possível traçar um padrão, pois muitas escolhem uma faculdade por não ter opção, umas por causa do seu emprego e outras pela falta de grana, por exemplo. Acho que a escolha de uma profissão vai além de vestuário ou forma de falar.” (Anônimo, formado na área de Exatas)
“Acredito que não, pelos motivos descritos na questão anterior, por exemplo. Na profissão de educadores físicos mesmo, que tem-se  o preconceito de que todos devam ser sarados e com hábitos saudáveis, no entanto na realidade, observa-se alunos e profissionais fora dessa generalização.
Pergunta: Já tentou fazer isso em alguma ocasião? R: Confesso que já generalizei, mas hoje percebo que é totalmente equivocado esse pensamento.”
(R, Ed. Física)
Notou-se, dessa maneira, que somente nas pessoas que estudam, estudaram na Unicamp ou que mantém algum tipo de contato com a Universidade apresentam este tipo de representação. Dizendo acreditar ser possível adivinhar alguém através de traços como estilo, vestuário, modo de falar, etc. Já os que estão fora da Unicamp e até mesmo com ex-alunos da universidade, este pensamento não foi constatado, ou mesmo quando, o entrevistado levanta questões que relativizam a própria representação criada. Podendo levantar-se a hipótese que este fato ocorre pelo fato que nos meios sociais em que a identificação com o coletivo não se faz por estes caminhos, estes não se tornam mais importantes.
Podemos notar, nos casos expostos, que existem dois tipos de identidades apresentadas pelos entrevistados, quando olhamos o corpus da Unicamp principalmente, no caso das humanas. Neste caso, geralmente os alunos utilizam marcas de sua identidade para se sobressair em relação aos outros cursos dentro da própria área de humanas. Nota-se isto em relação ao caso da resposta dada pele pessoa entrevistada que é do IEL, em que mesmo sendo de uma área socialmente não valorizada, ela utiliza de uma representação criada pela comunidade para se diferenciar do outro. Dessa maneira, a entrevistada cria duas identidades, a sua e a do outro, o que se veste mal e o que não se veste.
Quando vemos as afirmações:
“Existe uma associação entre identidade da pessoa e as coisas que esta pessoa usa. Símbolos são significantes importantes da diferença e da identidade.” (HALL, 2000, p.10)
“A identidade é relacional. Ela (a identidade) depende, para existir, de algo fora dela: a saber, de outra identidade, de uma identidade que ela não é” (HALL, 2000,p.9)
            Estas duas afirmações de Hall (2009) demonstram um fator interessante que ocorre dentro da Unicamp, que para se afirmar dentro do próprio espaço universitário, onde já existe uma valorização social geral em relação aos que fazem parte deste meio, entre aqueles que são mais ou menos valorizados. Dessa maneira, as pessoas das engenharias se diferenciam por não serem de humanas e por não serem de uma particular, como a UNIP, já os de humanas também em relação a ser de um determinado Instituto ou não, criando assim nichos de convívio e de distanciamento uns em relação aos outros.
Considerações Finais:
Com este trabalho notamos que não há nada que tomemos contato que não repercuta em uma representação. Sendo um ser social, o ser humano está sempre cercado de representações sociais que são construídas historicamente, portanto, mutáveis e intercambiáveis entre os diversos grupos que compõem uma determinada sociedade.
            A pequena análise feita permite perceber o mesmo movimento que visa reforçar uma identidade pode gerar também um viés preconceituoso. Concluímos neste exercício que as representações sociais existem e tem um razoável poder de influência sobre os julgamentos e as interações entre alunos, e de certo modo também acreditamos que os professores possam ser influenciados por elas (as representações sociais). Vygóstsky acreditava que o modo mais eficiente para ensinar dependia da linguagem e do mediador. A linguagem proporcionava signos e símbolos capazes de adquirir significados distintos associados ao mecanismo de representação social, que nada mais é do que a forma como esses símbolos, palavras etc. são interpretados pela maioria da sociedade, adquirindo um significado que tanto pode ser relacionado à uma qualidade ou algo digno de autoestima quanto a um preconceito vil, que impede a autoestima e a interação do indivíduo com o grupo. E o mediador sabe o valor da afetividade e empatia no processo de aprendizagem, e sabe também perceber as representações sociais relacionadas ao aluno e usá-las ao seu favor, em certas ocasiões dando a elas novos significados na tentativa de melhorar a autoestima dos alunos, e em outras corrigindo excessos, mas sempre usando-as em favor do processo de aprendizagem.
            Deste modo, é fácil demonstrar que todas tem suas particularidades, e não é possível criar uma escala de valoração entre profissões, pois cada profissão e área contempla um função importantíssima para a existência e desenvolvimento social, porém verifica-se em nossa realidade que esta prática existe, e o que fundamenta essa valoração não é o “nível de dificuldade, absorção de conhecimento ou abstração entre as profissões” e sim sua necessidade mercadológica (o caso das engenharias em geral), facilidade com que se organizam como classe e estabelecem pautas que defendam seus interesses na sociedade (o caso da Medicina é um exemplo evidente disso, uma profissão que em menos de dois séculos evolui de “bico” sem prestígio praticado por barbeiros com uso de sanguessugas, a condição de autoridade sobre as práticas corporais, e com o ato médico, tomou para si o direito e autoridade sobre várias outras áreas ligadas a Saúde Pública).
            Naturalmente as representações sociais construídas nos meios sociais aparecem na escola ou na universidade, pois, esta se configura como uma extensão da sociedade, muitas vezes condensando conflitos sociais que nela aparecem de modo mais visível. Porém, estas representações não são fixas e imutáveis, mas permeadas e flexíveis de acordo com a posição/espaço ocupado no circulo social em questão. Sendo assim, qual o papel do professor/educador em meio a representações conflitantes que tomam lugar na sala de aula?
Em primeiro lugar, cabe ao mediador, no caso o professor/educador, não se tomar pelas representações pejorativas, ou seja, que valorizem alguns em detrimento de outros. Comumente docentes recém-chegados a determinado espaço escolar recebem de seus colegas todas as indicações referentes à qual a melhor e pior turma, quais os alunos problemáticos, quais os alunos considerados acima da média e, em algumas situações, até mesmo a respeito de quais os colegas mais e menos participativos.
Cabe ao professor não se deixar influenciar, não receber passivamente as representações previamente construídas. Caso as aceite, o natural é que incorram em um tratamento diferente entre os que são bem vistos e os que são mal vistos.
Além disso, em um segundo momento, cabe ao educador levar em consideração as representações sociais vigentes em seu trabalho dentro de sala de aula. Sendo um microcosmo da sociedade externa, os preconceitos e discriminações tendem a aparecer dentro da sala de aula também. O docente deve identificar quais os preconceitos que imperam entre os alunos e fazer um trabalho que vise à subversão destes preconceitos. Evidentemente é um trabalho árduo e sem garantias de ser alcançado, porém, é única maneira do educador contribuir para uma educação que desafie o status quo.
O trabalho com a alteridade, com a valorização do outro se torna enriquecedor para o grupo como um todo. Mais do que libertar o alvo do preconceito da estigmatizarão sofrida, a quebra de preconceitos é libertadora para aquele que nutre tais representações.

Bibliografia:

SIMAN, Lana Mara de Castro. Cad. CEDES v.25 n.67 Campinas set./dez.  2005
CUCHE, Denys. A noção de cultura nas ciências sociais. Bauru SP. Ed. Edusc. 2002
HALL, Stuart (Org.). Representation. Cultural representation and signifying pratices. Londres: Sage Publications, 2000.
VYGOTSKY,L.S. Pensamento e Linguagem. São Paulo, SP: Martins Fontes, 1991.
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<!--[if !supportFootnotes]-->[1]<!--[endif]--> Para Vygotsky (1935), a Linguagem surge da necessidade de comunicação para a realização do trabalho coletivo; surge da necessidade de um sistema simbólico complexo que permita a discriminação de objetos para serem armazenados na memória, para que desta forma o homem pudesse pensar em objetos mesmo quando estes não estivessem em seu campo visual.

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