quinta-feira, 14 de junho de 2012

Análise Crítica: Vygotsky e Wallon


Análise Crítica – Vygtsky e Wallon

Giulia Cristina Ortolan, 120967

            Como havia citado em minha primeira análise crítica, que tratava de Jean Piaget, ele não era, para mim, um autor completamente desconhecido, pois já havia por vezes ouvido falar em seu nome, principalmente pelo fato de ter uma pessoa na família que trabalha com educação infantil. Ao contrário de Piaget, porém, Vygostky e Wallon eram para mim incógnitas que ao longo do módulo foram sendo descobertas e pensadas.
            Um dos pontos mais interessantes que vejo em Vygotsky (e onde encontramos a principal diferença entre seu pensamento e o de Piaget) é o fato de ele considerar que pensamento e linguagem caminham do âmbito social para o individual. Como gosto de pensar a teoria em prática e procura sempre buscar situações em minha vivência, vou agora pensar sobre isso relacionando ao desenvolvimento de minha sobrinha, que tem quatro meses e meio. Há alguns meses, talvez um mês e meio, começamos a fazer algumas brincadeiras com ela, em que mexemos a boca, numa espécie de sobro em que os lábios tremem, e observamos de que após alguns minutos nos vendo fazer o movimento, ela começava a se preparar e nos imitava. Essa brincadeira continuou por dias, insistíamos em fazer o sopro e esperar até que ela fizesse igual (confesso que não pensando teoricamente em seu desenvolvimento, mas por ser surpreendente vê-la aprendendo coisas novas dia a dia) Atualmente, temos frequentemente encontrado ela em seu berço, ou em seu carrinho, fazendo esse movimento sozinha, sem precisa mais observar ninguém.
            Pude perceber então, que esse exemplo (que não necessariamente trás a tona a questão da fala, mas a da repetição) pode mostrar o quão importante é para a criança ver as pessoas ao seu redor fazendo algo, para que então ela faça também. Talvez minha sobrinha não fizesse essa brincadeira se eu e minha família não tivéssemos brincado com ela dessa maneira, assim como imagino que haja outros bebês da mesma idade que façam outros tipos de brincadeira com seus pais.
            Um segundo ponto importantíssimo na obra de Vygotsky é a Zona de Desenvolvimento Proximal (doravante ZDP). A ZDP encontra-se entre o Nível de Desenvolvimento Real (doravante NDR) e o Nível de Desenvolvimento Proximal (doravante NDP). O primeiro trata das tarefas que a criança já consegue realizar sozinha, enquanto o segundo trata das tarefas que a criança ainda não realiza sozinha, mas que realiza quando possui apoio de alguém. A ZDP é tão importante porque é nela que ocorre a aprendizagem, e onde encontraremos a mediação, que no caso de sala de aula, deve ser feita pelo professor, para incentivar o aluno para que aos poucos ele comece a fazer sozinho o que ele já fazia com ajuda. Pensando nisso, posso encontrar essa ZDP no exemplo da minha sobrinha. Ela começou a fazer os movimentos com a boca porque nos via fazendo, e porque fazíamos repetidas vezes até ela conseguir nos imitar. Hoje, como já disse, ela realiza esses movimentos sozinha.
            Gostaria também de tratar de um assunto da obra de Vygotsky que chamou atenção principalmente com a exibição do filme “O milagre de Anne Sullivan”. Vygotsky tenta nos mostrar que a maior descoberta de um sujeito é saber que cada objeto tem um nome, e que ao descobrir isso o sujeito passa a conseguir ordenar o seu pensamento, dando um grande salto em seu desenvolvimento. No filme, podemos ver que apesar da dificuldade em ensinar uma criança com deficiência visual e auditiva, ela consegue, ao final do filme, ir descobrindo o mundo ao seu redor. A partir do filme então, passei a observar isso em minhas turmas de inglês, principalmente nas turmas de crianças, e em uma delas, especificamente, essa observação foi mais forte.
            Tenho uma turma de alunos que têm em média cinco anos, e que em sua língua materna, já sabem que cada coisa tem um nome. Porém, a cada nova palavra da língua inglesa introduzida às atividades realizadas em aula, eles anseiam (mais que os adultos) em descobrir o que aquela palavra significa. Eles perguntam “que é isso, tia?”, e normalmente respondem com um “ah tá” quando descobrem o que é. Ao saber ao que se refere certa palavra, eu pude perceber que ela passa a fazer sentido para esses meus alunos, assim como as coisas passaram a faz sentido para Anne (talvez não em um nível tão elevado, pois eles já fizeram essa descoberta em sua língua materna, mas ainda assim acredito que haja um pouco dessa descoberta no aprendizado da língua estrangeira).
            Quanto a Wallon, talvez ele seja, dentre os três, o que mais considera a subjetividade da criança. Agrada-me a forma dele pensar que a criança também leva sua emoções para a sala de aula, e não as deixa do lado de fora da porta, assim como em uma leitura, em que não podemos esquecer todas as nossas leituras anteriores para ler determinado texto. Ao lermos, ativamos nossos esquemas mentais, trazendo para nossa interpretação textos já lidos, e assim é com a criança: ao entrar na sala de aula, ela leva consigo sua vivências, suas experiências e emoções. Pensando também na ideia de que o meio é extremamente importante, vejo como um desafio enquanto professora fazer da sala de aula um lugar agradável para o aluno, pois, de fato, o aprendizado está diretamente ligado à afetividade. Para que o aluno se interesse por uma matéria, muitas vezes basta que o professor seja considerado por ele uma pessoa legal, e que o clima existente na sala faça com que ele goste de estar ali, e que anseie por voltar para aquele lugar.  Um dos principais desafios é fazer o aluno se encantar em sala de aula, e penso que, talvez, um dos melhores jeitos de se fazer isso é justamente trabalhando em sua ZDP, para que ele aos poucos se satisfaça consigo mesmo, ficando orgulhoso ao perceber que está aprendendo. Como professora, posso dizer que essa sensação não é boa apenas para o aluno, mas também para mim, e acredito que para os demais professores.
            Por fim, algo que Vygotsky e Wallon têm em comum é o ensino dos “excluídos”. Ambos vão olhar para o ensino das pessoas que não tem lugar no sistema de ensino da sociedade, e vão trabalhar no ensino destes. O ensino dessas pessoas ainda é um campo que precisa avançar muito em nossa sociedade, em que a minoria enxerga essas pessoas como capazes.
            Começaram desconhecidos, mas ao longo do curso me ensinaram muitas coisas. Vygostky e Wallon sem dúvida me fizeram pensar bastante em minha postura em sala de aula, e em como lidar com meus alunos, que são sempre caixinhas de surpresa a serem descobertas. 

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